Sul da Bahia: Invasões de terras transformam região em campo de guerra

Sul da Bahia: Invasões de terras transformam região em campo de guerra
Protesto bloqueou a BR 101, em Buerarema. No detalhe a deputada Ângela Sousa fala aos manifestantes

Já a algum tempo a questão da demarcação de terras no sul da Bahia é tema de discussão. Contudo, com a falta de uma solução eficaz ou de medidas mais enérgica por parte do governo, as invasões vêm se intensificando, e a violência também.

Os pequenos produtores reclamam do clima tenso que se instalou, transformando a região num verdadeiro campo de guerra. Somente nos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema serão mais de 47 mil hectares de terras que estão entre as áreas a serem demarcadas, passando as propriedades de pequenos produtores, a maioria que vive da agricultura familiar, para descendentes dos índios Tupinambá.

Para a deputada estadual Ângela Sousa, o problema é que não se definiram esses critérios, nem as áreas alvo da demarcação e muito menos o que será feito com os pequenos agricultores que hoje vivem nesses locais.

Entenda do conflito

A localidade conhecida como Serra do Padeiro, entre Buerarema, Una e Ilhéus, é alvo de disputa entre índios e fazendeiros. De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), indígenas estão ocupando fazendas que se encontram no interior da Terra Indígena Tupinambá de Olivença que pertencem à tribo Tupinambá.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirma que 300 indígenas Tupinambás participam das ações de ocupação das fazendas, que ficam em uma área de 47.376 hectares. Segundo o Cimi, apenas entre os dias 2 a 13 de agosto, 40 propriedades foram retomadas. O órgão conta que a área foi reconhecida pela Funai e que o processo estaria parado no Ministério da Justiça, o que teria motivado a ocupação das terras.

No entanto, Luis Uaquim, presidente da Associação dos Pequenos Produtores da região, alega que a área ainda não foi demarcada. “São locais de 2, 3 hectares. Não tem nada homologado. Nada que diga que é uma área indígena”, disse. Ele conta ainda que os índios estariam sendo violentos durante a ocupação das propriedades.

“Eles [os índios] contratam pessoas que se vestem de índios e vão atirando, tocando fogo nas propriedades. Eles [os fazendeiros] estão vivendo um terror. Eles moram lá e não têm pra onde ir. Isso é terror mesmo”, afirmou Uaquim.

“Nessa noite [quinta-feira] eles invadiram mais uma, usaram de extrema violência, bateram em três pessoas. Também tocaram fogo em um barzinho, em uma garagem”, conta Herman Isensee, membro da direção da associação.

Protesto em Buerarema

Milhares de moradores e pequenos agricultores de Ilhéus, Una e Buerarema realizaram, no dia 16 de agosto, um ato de protesto contra a demarcação de terras no Sul da Bahia e, em sinal de repúdio contra as invasões e a violência na região, paralisaram a BR-101, logo na entrada do município de Buerarema.

A deputada Ângela Sousa participou do movimento e voltou a cobrar do Governo da Bahia uma posição no sentido de buscar, junto com a presidenta Dilma Rousseff e os ministérios da Justiça e da Casa Civil, uma solução para o impasse, impedindo que a demarcação venha a acontecer nos moldes como vem propondo a Funai, que acaba prejudicando mais de 20 mil famílias de pequenos agricultores na região.

Durante o protesto, a agência do Banco do Brasil foi depredada, a loja da Cesta do Povo foi arrombada e os produtos saqueados. Além disso, quatro carros oficiais foram incendiados.

Protesto em São José da Vitória

Já na manhã do dia 20, manifestantes, em sua maioria moradores, comerciantes e produtores rurais, interditaram a BR 101 com o objetivo de chamar a atenção dos governos federal e estadual para a falta de segurança e decisão na questão.

Durante o protesto, carros foram incendiados, sendo, inclusive, um da Funai.

Um manifestante que preferiu não se identificar, declarou ao jornal O Sollo que o governo tem feito vista grossa para a dificuldade e o perigo que os produtores rurais estão passando em suas propriedades. “Pessoas se dizendo índios invadem áreas rurais, espancam moradores, matam animais e devastam plantações. O Governo Federal, através da Funai, paga R$ 1.200 mais cesta básica, e mesmo assim eles se aproveitam das benesses do governo e invadem terras de forma violenta”.

“Devido a essa guerra instalada no campo, próximo a nossa cidade (São José da Vitória), o comércio está parado porque os produtores rurais não estão contratando trabalhadores para as plantações com medo da violência e das invasões”, desabafou um comerciante que também preferiu não ter sua identidade revelada.

“ A mídia mostra como se fosse uma guerra dos fazendeiros contra os índios, coloca os índios como vítimas. Mas, na verdade, os índios estão invadindo as terras de trabalhadores e prejudicando toda a população”, afirma um manifestante.

Intervenção da Força Nacional de Segurança

No dia 19 de agosto, a Força Nacional reforçou a segurança na região com o objetivo de evitar que ocorram novos atos de violência por conta do conflito entre indígenas e fazendeiros.

O policiamento na região sul conta com o apoio da Polícia Militar, que atua com a Companhia Independente de Policiamento Especializado (CIPE) Cacaueira. Não há previsão de quanto tempo a Força Nacional vai ficar na Bahia.

Da redação com informações do G1 e da Ascom da deputada Ângela Sousa

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