Sujeição e amor

“Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo. Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor, (…) Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se a si mesmo por ela” (Efésios 5.21, 22 e 25)

A fé cristã desafia-nos a atitudes que são virtudes, mas que foram deturpadas pelo tipo de vida que temos construído como sociedade ao longo da história. O verbo sujeitar significa forçar, submeter alguém a algo que não deseja ou lhe ofende. Mas quando seguido do pronome reflexivo “se”, indica que a ação recai sobre mim mesmo e não sobre outro. Logo, trata-se de uma auto sujeição ou submissão. A ideia é que isso seja uma virtude relacional entre nós e não um instrumento de poder, como a história humana fez.

O desafio da sujeição uns aos outros, e no casamento, reside nisso: no adoecimento relacional que o pecado trouxe para nós. Pessoas independentes, saudáveis e autônomas é que podem sujeitar-se. Pessoas oprimidas, ameaçadas, sejam por atos, ideias ou crenças, não podem sujeitar-se, porque estão sendo sujeitadas! Muitos fazem desse texto uma regra matrimonial, mas não se trata disso. As mulheres foram sujeitadas ao longo da história pelos homens, seus direitos foram negados. Isso jamais foi ideia de Deus, que nos criou iguais, correspondentes e idôneos. E não é certo quando, sem uma melhor reflexão, apenas assumimos o lugar devido à mulher e ao homem no casamento.

O texto começa pedindo a todos que sujeitem-se: homens e mulheres! Depois salienta na relação conjugal esta atitude para a mulher e o amor para o homem. Certamente porque desde lá já não era fácil para a mulher estar na condição que estava e, para o homem, manter atitudes amorosas! Mas sujeição e amor são duas faces da mesma moeda chamada relacionamento conjugal. Pois se amamos, esse amor precisa ser grande o bastante para abrirmos mão de nossa própria vontade em favor do outro, sujeitando-nos. E se nos sujeitamos, é porque fizemos a escolha de amar. Não se trata de determinar “quem manda e quem obedece” e nem de adoçar o café amargo da sujeição com o adoçante do amor, mas de aprendermos a viver a dois, possibilitando aos dois o melhor, com sujeição e amor mútuos.

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