Luiz Jordans, autor do projeto, mantém produtora de mel desde 1995.
Alimento que antes era descartado foi reaproveitado após pesquisas.
Proprietário de uma empresa produtora de mel no município de Barra do Choça, no sudoeste da Bahia, o apicultor Luiz Jordans desenvolveu um projeto que possibilita a transformação do alimento em álcool combustível. Por meio da ideia, o empresário diz que zerou o descarte de mel no empreendimento e hoje mantém um veículo usado nos negócios apenas com o combustível alternativo.
À reportagem, Jordans explicou que a empresa produz dez mil quilos de mel por mês. Neste período, 100 quilos, que equivale a 1% da produção, acabavam sendo descartados por oferecerem risco ao consumo humano. O produtor tinha opção de transformar o percentual de descarte em ração para as próprias abelhas, entretanto, o risco de fermentação poderia colocar a vida dos insetos também em risco.
“Temos uma produção sustentável e não queríamos jogar esse percentual descartado no meio ambiente. Isso nos incomodava”, ressaltou sobre o incentivo para o início dos estudos.
Em 2011,o empresário afirma que a empresa iniciou um processo de pesquisa que possibilitasse o aproveitamento do mel descartado no processo de produção. Com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), foi identificada a possibilidade de transformar o descarte em álcool alimentício.
Por meio de um procedimento de recolhimento e fermentação, que contou com auxílio técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o empresário detalha que o mel atingiu as características necessárias para ser transformado em álcool alimentício. O produto pode ser utilizado na produção de licores e extratos medicinais. “Estamos armazenando para a produção desses dois produtos. Temos agora que apresentar os resultados destas pesquisas ao Ministério da Agricultura, para que possamos comercializar essa produção”, destaca.
Mesmo com a transformação, Jordans percebeu que 30% do álcool alimentício produzido também seria descartado no processo de produção. “O que fazer com segundo descarte?”, disse Jordans sobre o questionamento que gerou o desenvolvimento de um novo projeto, no início deste ano. Desta vez sem financiamento, o empresário destacou o início dos estudos para transformação do alimento também em álcool combustível.
“Foi instintivo. Nosso objetivo era zerar o descarte”, comentou. Jordans explica que o mel, além da fermentação, foi inserido em um processo de destilação. Em resumo, o alimento é fermentado, transformado em mostro (misturado com água) e em seguida destilado. O resultado atingido no processamento foi o álcool combustível.
Por conta do projeto, segundo Jordans, a empresa zerou todo o descarte de mel. Além disso, o alimento transformado em combustível passou a abastecer um veículo usado nos serviços de manutenção de apiários e entrega de mercadoria da empresa. O carro transita entre as cidades de Barra do Choça e Vitória da Conquista, 28 km distantes.
“Agora, fechamos o ciclo e não temos mais descarte nenhum”, disse. Os resultados da pesquisa foram encontrados neste ano e chegaram a ser apresentados no Congresso Baiano de Apicultura, que foi realizado entre os dias 7 e 10 de julho deste mês, em Ilhéus.
“O projeto faz parte de uma necessidade ambiental. É um compromisso que as indústrias devem ter o meio ambiente”, afirma. A empresa de Jordans foi criada em 1995 e produz mais 1 tonelada de mel por ano. O produto é distribuído para toda a Bahia e para estados como Pernambuco e São Paulo, além do Distrito Federal. O pesquisador afirma que não pretende usar álcool do mel para comercialização, mas continuará utilizando o combustível sustentável no veículo da empresa.
Henrique Mendes/G1, com informações da TV Sudoeste