Antes de tudo, é preciso que a vida inteira passe como que através de um prisma e que
a consciência, se divida em seus elementos mais simples, como as sete cores elementares, e é preciso estudar cada elemento em partícula, e um dos elementos foi a minha adolescência quando ia muita a Itapagipe, na casa de parentes de meu pai, passava de carro pela estação ferroviária inaugurada da década de 1860 levando ao surgimento do bairro da Calçada.
Sempre sofro um pouco pelo subúrbio, tenho uma simpatia que me ficou desses tempos que ia a Itapagipe, com um espírito quase de aventura. Hoje, sei que o subúrbio não é nada disso. É uma coisa doce e triste, com ruas transversais de cotidiano parado, com muito lixo e insegurança.
Existia uma poesia que mistura o fragor dos trens, o ranger das cancelas de linha, a poeira das ruas, e os fins de tarde. Em tudo isso hoje há um silêncio. Do alto da colina do Bonfim
o subúrbio mais parece um grande lagarto preguiçoso.