Marcos Valério: Mensalão pagou despesas de Lula

Depois de ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal como o “operador” do mensalão, o empresário Marcos Valério procurou a Procuradoria-Geral da República para prestar um novo depoimento, visando obter em troca proteção e redução de sua pena.

O jornal Estado de São Paulo teve acesso à íntegra do depoimento, prestado no dia 24 de setembro e assinado pelo advogado do empresário, o criminalista Marcelo Leonardo, pela subprocuradora da República Cláudia Sampaio e pela procuradora da República Raquel Branquinho.

Os detalhes do documento de 13 páginas com as declarações do empresário, mantidos em segredo até então, foram revelados pelo jornal em matéria publicada nesta terça-feira (11/12).

Marcos Valério disse à Procuradoria-Geral da República que o esquema do mensalão ajudou a bancar “despesas pessoais” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre outras acusações, também afirmou que Lula deu “ok”, em reunião dentro do Palácio do Planalto, para os empréstimos bancários que seriam usados para os pagamentos de deputados da base aliada.

Segundo Valério, Lula participou das negociações para obter dinheiro da Portugal Telecom para o PT. Disse que seus advogados são pagos pelo partido e falou sobre uma suposta ameaça de morte que teria recebido de Paulo Okamotto, ex-integrante do governo que hoje dirige o instituto do ex-presidente.

Também relatou a montagem de uma suposta “blindagem” de petistas contra denúncias de corrupção em Santo André na gestão Celso Daniel. Outros políticos, entre eles o senador Humberto Costa (PT-PE), foram acusados por ele de terem sido beneficiados pelo chamado valerioduto.

A reportagem publicada pelo Estado de São Paulo afirma que Valério disse ter passado dinheiro para Lula arcar com “gastos pessoais” bem no início de 2003, quando o petista já havia assumido a Presidência.

De acordo com o empresário, os depósitos foram feitos na conta da empresa de segurança Caso, de propriedade do ex-assessor da Presidência Freud Godoy. Ele mencionou que foram feitos dois repasses, mas só especificou o valor de um deles, de aproximadamente R$ 100 mil. Em 2005, a CPI dos Correios, ao investigar o mensalão, detectou um pagamento à empresa de Freud realizado pela agência de publicidade de Valério. Segundo dados do sigilo quebrado pela comissão, em 21 de janeiro de 2003, foi feito um depósito de R$ 98.500.

Valério disse no depoimento que Lula foi o destinatário do dinheiro, mas não forneceu detalhes sobre quais seriam os “gastos pessoais” do ex-presidente. No depoimento consta ainda que Lula deu o “ok” para que as empresas de Valério pegassem empréstimos com os bancos BMG e Rural. Conforme as conclusões do Supremo, as operações foram fraudulentas, e o dinheiro, usado para comprar apoio político no Congresso no primeiro mandato do petista na Presidência.

 

 

Fonte: OESP

 

 

 

 

 

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