“Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” (1 Coríntios 10.31)
Há dois grandes males que nos atingem. A uns mais, a outros menos. Mas são males que acompanham pecadores, que se entranham em nossa vida e que se manifestam e se agravam muito, dependendo apenas de condições favoráveis. Refiro-me ao amor pelo poder e ao desejo de glória. Esses males estiveram na gênese de uma intrigante queda narrada nas Escrituras – a queda do anjo de luz (Ez 28.15-17). Não é fácil lutar contra o amor pelo poder e o desejo de receber honra! Esses males estiveram presentes e tem estado nos processos de desvio da Igreja da Idade Média e das igrejas hoje. O clero tornou-se orgulhoso e presunçoso. Escolheu o poder e desprezou o amor.
Isso é um completo desvio, pois o Evangelho nos apresenta o Cristo que é servo. Que se humilhou (Fl 2.5-11), tomando a forma humana e, como homem, não teve aparência de grandeza nem beleza que atraísse (Is 53). Que insistentemente ensinou aos discípulos que deveriam servir ser humildes e rejeitar o anseio por grandeza (Jo 13.1-15). E eles tiveram muita dificuldade de lidar com os ensinos de Jesus, e nós também temos! O orgulho, o poder e a vaidade nos afastam da beleza e simplicidade do Evangelho de Cristo. Uma simplicidade incômoda para aqueles que acomodam-se à afetação do poder. Por isso os reformadores acertadamente ressaltaram que a fé no Evangelho direciona toda glória a Deus.
Não a glória que se dá apenas por meio de uma liturgia, por um programa de culto, por uma apresentação musical. Essas formas de exaltação a Deus são artificiais, são fabricadas por nós. Elas somente têm valor se representarem uma realidade natural, presente em nosso propósito de vida, que faça do dia-dia nosso momento de culto. Por isso devemos estar atentos para verificar se o modo como vivemos não se constitui numa negação, uma antítese, dos cultos que realizamos em nossas igrejas. Se nosso comportamento e reações não negam nossas canções. Que verdadeiramente, em nossa vida diária e em nossa liturgia, seja somente a Deus toda a glória! (Soli Deo Gloria)
ucs