“Mas, se você procurar a Deus e implorar junto ao Todo-poderoso, se você for íntegro e puro, ele se levantará agora mesmo em seu favor e o restabelecerá no lugar que por justiça cabe a você.” (Jó 8.5-6)
Estas são as palavras de Bildade, o segundo amigo que fala a Jó. Todos querem ajudar. Todos têm o que dizer. E o que dizem faz muito sentido. Mas Jó, por mais que se examine e procure o que confessar, algo que explique ou justifique a tragédia de sua vida, nada encontra. Aos olhos de Bildade, Jó está sob a reprovação de Deus. Ele vê Deus como um justiceiro. Aos que sustentam a santidade, benção; aos que pecam, castigo. E para ele Jó só pode ter pecado e merecido a dor que está sofrendo. Mas Jó está sob provação. Bildade não tem ideia do que se passa com seu amigo.
Jó está sob um profundo sentimento de abandono, de que Deus decidiu afligi-lo e isso está durando tempo demais. O livro de Jó é um estudo da devoção humana a Deus, que pode ser de dois tipos: por interesse ou por amor. Facilmente manifestamos a primeira. As ideias que temos sobre Deus, sobre Seu modo de agir, podem alimentar tanto a fé por interesse, quanto a fé por amor. Jesus nos manifestou a graça, misericórdia e bondade que alimentam a devoção amorosa. É por meio dela que somos libertos de verdade. Ela redefine nossas relações, com Deus e com as pessoas.
O livro de Jó também promove um contraste. Nele, Deus coloca a devoção de Jó à prova; em nossa vida, nós colocamos o amor de Deus à prova. Estamos em sentido contrário, crendo mais ou menos no amor divino, a partir das circunstâncias que enfrentamos, se nos sentimos abençoados ou não. E assim empobrecemos nossa espiritualidade. Nosso fracasso na fé não é simplesmente pecar, é não aprender a ser amado e a retribuir com amor. É querer merecer e julgar os méritos uns dos outros. Este livro nos convida a uma nova adoração. A adoração de quem não nega a Deus ainda que lhe pareça que Deus está lhe negando tudo. Somente o amor faz isso!