Só para quem tem ouvidos para ouvir

“Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo. Nos céus ele armou uma tenda para o sol, que é como um noivo que sai de seu aposento, e se lança em sua carreira com a alegria de um herói.” (Salmos 19.3-5)

Gosto imensamente dessa maneira como Davi se expressou. Ele disse: Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra! Percebe o caráter profético do poema? Ele está falando sobre os céus que proclamam a glória de Deus e anunciam: fomos criados! Há um criador! Essa beleza, essa grandeza, esse poder nos foi dado! E o caráter profético diz respeito a quem ouve e quem não ouve essa proclamação. Porque, embora não haja palavras e voz alguma seja ouvida, todavia essa proclamação ressoa por toda a terra. Ressoar significa soar com força, retumbar, ecoar. Mas, quantos ouvem? Somente a pessoa de fé. Somente aquele que crê. Mas não qualquer fé! Mas uma fé cheia de vida. Que não se resume a um lugar, um momento, um dia. Mas uma fé que se espalha e enche a vida. Que percebe Deus e escolhe praticar a sua presença e fazer dela um hábito.

Sim, precisamos praticar a presença de Deus. Porque o pecado nos fez distraído e nos leva a nos esquecer dele. O fervor que nos enche quando estamos num culto no templo pode simplesmente desaparecer como a neblina sob a luz do sol. E podemos entrar no dia seguinte agindo e nos comportando como se não tivéssemos cantado o que cantamos no dia anterior. Como se não tivéssemos orado, dizendo amém às coisas que dissemos horas antes! E, lamentavelmente, é assim que grande parte dos que vão ao templo no domingo, vivem a sua semana. E por que? Porque estiveram fingindo? Estiveram mentindo a si mesmos e aos irmãos de fé? Não. Tudo era sincero, mas fé e sinceridade não são a mesma coisa. Porque somos seres caídos, precisamos nos dedicar a fortalecer e dar vida à nossa fé. Dar raízes a ela. E como fazemos isso? Praticando a presença de Deus. Isso nos prende à sinceridade que demonstramos no momento de culto. Porque isso nos mantém em contemplação diante do Deus a quem adoramos e em quem cremos.

Praticar a presença de Deus é lembrar-se de que Ele está presente. É fazer como Davi: olhar os céus e o firmamento e dar-se conta de que toda essa amplitude e grandeza são obras das Mãos de Deus. E quanto mais fazemos isso mais a presença de Deus fica evidente para nós. Sem discurso nem palavra, sem que qualquer voz seja ouvida pelo descrente, para nós que cremos haverá um deslumbramento com o ressoar da voz da natureza por toda terra. Jesus em Mateus 6 refere-se às aves do céu e aos lírios do campo. E diz que o Pai é quem alimenta as aves e veste os lírios. A espiritualidade de Davi está em harmonia com a de Jesus. A lição que Jesus ensina é que, se cremos que Deus cuida dos pássaros e das flores, poderemos mais firmemente crer que Ele também cuidará de nós. Seremos cristãos melhores se aprendermos a ouvir as declarações da natureza, do mundo criado à nossa volta. Eles proclamam a glória de Deus. Seremos cidadãos melhores também, porque perceberemos o pecado no descuido e agressão que a natureza sofre, pela ambição e ganância do ser humano. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!

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