Sepultura

Sepultura

Sou engenheiro de segurança no Jardim da Saudade e Abrigo Salvador e visito com certa frequência o túmulo de meu pai, jazigo 22.049. Naquela área aberta e cheia de árvores, ouço o canto dos grilos em silêncio, abro as mãos para o céu, faço uma prece, pelo repouso se sua alma, recito a prece, termino, ergo a cabeça, olho a minha volta, e penso, debaixo desta lápide, eu nunca havia imaginado quando criança, que viria um dia e leria nesta pedra as datas: Antônio Lantyer Nonato Marques: *13.06.1929 +01.05.2018. Acabo de ler isso, só há fatos.

Aqui na sepultura não é o coração que se empenha, e sim a memória. A memória pedia-me para recordar a sua vida exemplar, a sua luta pessoal transformadora, no universo de muitos seres humanos, e sei que quando sair daqui, os dias e as diversões irão desviar o meu espírito deste pensando único. Viver é passar. Mas certas datas ficam gravadas como momentos “eternos” no meu DNA e por vezes também na memória daqueles que estiveram diretamente envolvidos com a sua vida.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui