O IBGE mostra que, a cada ano, os casamentos duram menos. Em 2018, a média de duração da união era de 17,6 anos. Já em 2019, essa média caiu para 13,8 anos. Em 2019, 48,2% dos divórcios registrados tiveram menos de 10 anos de duração.
Na minha visão, no início, o casal é incrível se procurando, tem fome um do outro. São versáteis, dinâmicos. Pouco a pouco, a fera de duas costas vai ficando abatida, deita-se, não levanta mais. A fera indolente fica previsível. Sós e juntos.
Ou, nas noites em que está tão cansado, que não chega a se enfiar direito embaixo das cobertas, fica sem o edredon e o lençol, não dorme mais de conchinha, nem um beijo no pescoço, separados por um pano esticado, lado a lado , mas inatingíveis, como se estivessem em duas dimensões diferentes da realidade.
O que acontece em muitas noites, acordado de barriga para cima, ouvindo sua respiração e escutando a gota que começava a pingar ali pelas duas da manhã e que nunca consegue descobrir onde caí, parece o ruído exato da insônia, a gota do inconsciente. Com este clima da relação.
Diz um personagem secundário: “O amor que sentimos por alguém não é o mais importante, o que interessa é o amor que sentimos pela vida. E então a vida a dois seca e o amor pela vida e suas opções cresce longe desta relação, então a separação”.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.