Saúde: Como alimentar bem e economizar?

Por Daniel do Valle / O Sollo

Nutricionista dá dicas para encher a mesa, sem esvaziar o bolso

O valor da cesta básica diminuiu em 15 das 18 regiões metropolitanas onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos realiza a pesquisa, referente ao mês passado. Em junho, as maiores retrações foram apuradas em Salvador (-8,05%), mas nos últimos 12 meses, em geral, as cidades acumularam alta nos preços dos alimentos e a capital baiana registra o maior aumento (14,72%).

Segundo a pesquisa, no mês passado os produtos que tiveram predominância de alta nos preços das cidades acompanhadas foram carne bovina, leite, pão francês, batata e manteiga. Já o valor médio do feijão e o tomate apresentou retração na maioria das capitais em decorrência da época de safra.

Com a crise se alastrando pelas feiras, açougues e supermercados, seria possível alimentar bem e ainda economizar? A nutricionista Iata Ramos dá dicas para quem quer encher a mesa, o freezer e a dispensa sem esvaziar o bolso. Afinal, “alimentar bem é um hábito que deve ser associado à saúde e não somente ao prazer de comer”.

Nutrição e economia

A nutricionista Iata Ramos explica que a compra deve ser planejada com antecedência e de maneira estratégica, buscando sempre produtos frescos, frutas e legumes da estação por serem mais baratos, de preferência orgânicos. “As compras no atacado, em maior quantidade, saem mais em conta e é bom evitar o consumo por impulso. Nas feiras é possível encontrar produtos locais e livres de agrotóxicos”.

Referente aos aumentos dos preços da carne bovina, a profissional recomenda a busca por proteínas alternativas, como peixe, frango e ovos, bem mais saudáveis. “A carne vermelha deve ser consumida no máximo duas vezes por semana. Em Porto Seguro, uma boa alternativa é a Tarifa. O mercado tem sempre peixes frescos e mais baratos. A sardinha, por exemplo, é excelente, rica em ômega três (antioxidante) e ajuda na prevenção do câncer”.

Para o lanchinho das crianças, a nutricionista ressalta a importância de optar por produtos naturais ao invés dos industrializados. “Alimentos processados, como sucos de caixinha, bolachas recheadas, refrigerantes, entre outros, são ricos em açúcar, sódio, gorduras trans e hidrogenadas, usados como conservantes, mas pobres em nutrientes. Estão sempre relacionados a problemas de pressão alta e obesidade, um verdadeiro risco à saúde, mascarado pelas propagandas. Nesse caso, sucos de frutas frescas e sanduiches integrais são uma boa alternativa”.

Gluten free

A proteína presente principalmente no trigo é encontrada no pão, cereais matinais, pizza, massas, cerveja e assumiu o lugar de vilão das dietas nos últimos anos. O movimento “gluten free” (livre de gluten) ganha adesões pelo mundo, principalmente entre as celebridades. Alguns especialistas tentam provar que a substância faz mal a saúde e está ligada ao aumento da obesidade e de algumas doenças graves.

O cardiologista americano William Davis, autor do livro Barriga de Trigo, aponta que o processo de cruzamento e manipulação genética do cereal pode ter ido longe demais, e estar causando efeitos prejudiciais. “O trigo foi esticado, costurado, cortado e recosturado, para transformar-se em algo totalmente singular, quase irreconhecível quando comparado com o original, e mesmo assim atendendo pelo mesmo nome: trigo”.

A nutricionista Iata Ramos recomenda a substituição dos derivados do trigo (carboidratos simples) por alimentos mais saudáveis, como as batatas, abóbora, mandioca, bananas e fruta pão. “Os carboidratos complexos, são de longa duração no processo digestivo, garantem maior saciedade e apresentam mais nutrientes, entre vitaminas, proteínas e sais minerais”.

Hábitos saudáveis

Se o orçamento está “arrochado”, fazer refeições na rua pode significar um gasto extra em tempos de crise. O velho costume de comer em casa, com o ritual de preparação dos alimentos, de preferência com a família reunida à mesa, é um hábito saudável que merece ser resgatado e ensinado aos mais jovens, como lembra Iata Ramos.

O nosso corpo é uma maquina perfeita, que vai nos carregar pelo resto da vida, por isso merece cuidados especiais. A nutricionista indica uma rotina restauradora de alimentação, atividades física, muita água, sono e descanso. “É preciso ainda fazer no mínimo seis refeições ao dia, intercaladas com frutas, sempre acompanhadas de proteína (construtor muscular), para acelerar o metabolismo, garantir boa nutrição e evitar a obesidade”.

O modelo de vida contemporâneo trouxe também o sedentarismo. Não é mais preciso ir atrás da comida, se ela cruza continentes e vem até você. A indústria dos alimentos visa, sobretudo, o lucro e o inimigo pode estar na mesa. Agrotóxicos, transgênicos, industrializados, processados, embutidos, sódio, gluten, aspartame alimentam o mundo e envenenam o corpo. Comer bem e de maneira natural, não é só uma forma de economia, mas uma estratégia de sobrevivência.

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