Rubem Nogueira e Luiz Viana Filho juntos em homenagem da ABI a Ruy Barbosa

Rubem Nogueira e Luiz Viana Filho juntos em homenagem da ABI a Ruy Barbosa
Foto: Divulgação

Neste 1º de março, o Brasil reverencia Ruy Barbosa, no centenário de sua morte. Entre as homenagens, a Associação Baiana de Imprensa lançou a medalha Rubem Nogueira para agraciar como símbolo de gratidão a pessoas e instituições que colaboraram para a criação do Museu Casa de Ruy Barbosa, situado em Salvador, na rua que leva seu nome, no centro antigo da cidade da Bahia.

Foi Rubem Nogueira acertadamente escolhido para emoldurar a comenda por ser o maior doador de peças para o acervo do Museu com todos os livros carimbados e até com assinatura e anotações. “É uma riqueza monumental”, afirma Luís Guilherme Pontes Tavares, vice-presidente da ABI.

Hoje, foram homenageados, post mortem, o próprio Rubem Nogueira, Luiz Viana Filho, meu avô, Ernesto Simões Filho, Presciliano Silva, Antônio de Pádua Carneiro, e, ainda, a Fundação Casa de Rui Barbosa, o Município de Salvador e o estado da Bahia.

Estivemos presentes, representando a família de Luiz Viana Filho, os netos Fernando Didier Filho, Luiz Viana Queiroz, Patrícia Viana Queiroz e Claudia Viana Garcia.

No céu, ao lado de sua amada Julieta Pontes Viana, meu avô deve estar feliz. Todas as homenagens a Ruy Barbosa são sempre momentos de alegria para nossa casa, que, desde Luiz Viana, pai de Luís Viana Filho, meu bisavô, aprendeu a cultuar o gênio fulgurante do baiano ilustre. Fernando, meu primo, observou, hoje, que nosso avô contava que frequentava a casa de Ruy, ao lado do pai, desde os 5 anos de idade. Em nossa família, já nascemos ruistas, desde sempre.

Talvez para contribuir com esse legado paterno, tenha Luiz Viana Filho escrito a melhor biografia de Ruy Barbosa, honra e glória da literatura biográfica da Bahia e do Brasil. Não apenas por ela, mas com ela imortalizou-se na Academia Brasileira de Letras. O Tribunal de Contas acaba de relançá-la com base na última edição revisada em vida pelo autor. Quando morreu, repentinamente, em São Paulo, em 1990, o biógrafo estava com uma nova Carta de Ruy, que um amigo encontrara e ele a fora buscar. Obra iniciada com cerca de 250 páginas, na década de 1940 do século passado, a biografia de Ruy Barbosa, ao final, já possuía mais de 500 páginas, sempre revisitada pelo autor, ora com novos fatos, ora com novas interpretações.

A ABI, através de seu presidente Ernesto Marques, coloca juntos, numa mesma efeméride, Rubem Nogueira, Luiz Viana Filho e Ruy Barbosa.

Na minha casa, – casa de meu avô, com quem tive a oportunidade de viver e conviver -, aprendi a escalar as estantes de livros, antes mesmo de ler ou entender o que significavam as Obras Completas de Ruy Barbosa, que tive a honra de herdar. Ali, aprendi com José do Patrocínio, que “Deus colocou um vulcão na cabeça do Ruy”! Ali, encontrei um título curioso: “Um Piolho na Asa da Águia”, livro de Salomão Jorge para fazer a defesa do mestre, em 1965, com o qual aprendi que piolhos incomodam as asas das águias, mas continuam sendo apenas piolhos!

Foi ali, nas estantes da biblioteca avoenga que conheci Rubem Nogueira, entre outros, através do já clássico O Advogado Ruy Barbosa. Mal sabia eu que a vida me levaria a ser colega no curso de direito de Maria Clara sua filha, casada com meu amigo-irmão, Silvio Avelino Pires Brito Junior, através de quem tive a oportunidade de conhecer pessoalmente e conversar com Doutor Rubem, como Silvio gostava de chamá-lo. E, mais ainda, que eu seria chamado para substituí-lo na cadeira de Introdução ao Estudo do Direito, da Universidade Católica do Salvador, porta através da qual entrei na academia e lá permaneci por mais de um quarto de século.

Na qualidade de conselheiro da OAB da Bahia, tive a chance de pedir a restauração do quadro a óleo de nosso patrono, que emoldura o Plenário histórico do Conselho Seccional, para que todos que ali se apresentem na tribuna possam se inspirar no advogado Ruy Barbosa.

Ambos, Rubem Nogueira e Luiz Viana Filho, especialistas em Ruy Barbosa, junto com os demais homenageados com a medalha, contribuíram para que o Museu sobrevivesse à intempérie do tempo, castigado pela incúria que o esquecimento provoca. Neste centenário, que a lembrança do maior entre os maiores, possa voltar a ter o vigor de outrora, e que possamos todos contribuir para que o novo Museu Casa da Palavra Ruy Barbosa seja digno de seu patrono e todos nós sejamos dignos de sua memória.

Por Luiz Viana Queiroz, advogado

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