Romantismo

Romantismo

Ontem, depois de comer, sentei no escuro, aconchegado junto à varanda, com uma taça de vinho tinto brilhando à luz do meu notebook, para pensar no novo texto a ser escrito. Tudo que eu precisava era de um primeiro rascunho ruim. Meu Deus, como eu sentia falta dos dias em que as palavras jorravam. Quando escrever aqueles finais felizes, aqueles beijos na chuva, como o do dia 22.09.1984 no Travessia, bar que existia na Pituba, primeiro encontro com ela, e a chuva ajudou no primeiro beijo.

Naquela época, o amor verdadeiro parecia o grande prêmio, aquilo que nos fazia capazes de enfrentar qualquer tempestade, nos salvava da rotina e do medo, e escrever sobre isso parece o presente mais significativo que eu posso oferecer hoje a este mundo fluido. E, ainda que essa parte da minha visão de mundo esteja distante, tinha que ser verdade que, às vezes, os corações apaixonados encontravam seu final feliz, seus momentos de chuva caindo, música crescendo e pura felicidade. Em frente ao bar Travessia naquela época o mundo estava tingido em tons de azul e prata, o barulho leve da maré quebrando na areia ampliado pelo silêncio do resto do mundo. Deus escreve as páginas do nosso destino; nós não fazemos mais que transcrevê-las na terra. Em 22.09.2022 (trinta e oito anos) após o primeiro encontro no bar Travessia que desapareceu, e o romantismo no mundo também, a nossa vida vai preservando este estilo em extinção (romantismo) enquanto vivermos.

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