O deputado estadual Robinho (PP) que não faz mais parte da base de apoio do governo Rui Costa (PT) na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). À imprensa, ele justificou que a sua relação com o chefe do Executivo pesou na decisão.
“A gente vem tentando ser útil dentro do governo. Tem deputado que tem três anos que não é atendido pelo governador, que tem três anos que não recebe emenda impositiva, que é obrigatória por lei. Sou presidente na Comissão de Finanças, a gente tenta agenda com o governador e não consegue”, desabafou o parlamentar.
Outra situação que foi crucial na decisão de Robinho em deixar a base governista foi o pedido de Rui para que a Comissão de Ética da AL-BA interpele o deputado Paulo Câmara (PSDB) por conta de críticas à gestão estadual por mais um aumento no preço da gasolina.
“Faço das palavras de Paulo Câmara as minhas, quando ele questionou o preço dos combustíveis. Agora eles querem cassar o deputado. O deputado não pode criticar o governo? Se for abrir Comissão de Ética para Paulo Câmara, então vamos abrir uma CPI para investigar o motivo que ele não libera as emendas impositivas”, disse Robinho.
O deputado ainda garantiu que todas as suas indicações para cargos de confiança no governo já foram retirados. “Todos os indicados já saíram. Tem meu filho que é prestador de serviço da Cerb (Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia), que já vai pedir demissão”, revelou.
Robinho também deixou em aberta a possibilidade de mudar de partido. “Meu relacionamento com o PP é perfeito. Se João Leão sair candidato ao governo estou com ele. Mas se ele se curvar a esse governo, não vai ter volta”, pontuou.
O vice-governador da Bahia e presidente do PP no estado, João Leão, em nota divulgada na segunda-feira, 23, lamenta os fatos recentes envolvendo o correligionário e reitera a fidelidade do PP à aliança construída na Bahia.
O cacique prometeu ainda que o grupo fará “todo o esforço” para vencer as diferenças entre os dois, já que o resultado da parceria entre os partidos refletem “na melhoria da vida dos baianos”.
“[…] reafirmamos o compromisso com a aliança que governa a Bahia, faremos todo o esforço para superar as dificuldades entre o deputado e o governo. As vitórias sucessivas que temos obtido à frente do Estado, resultam da nossa unidade, da força das nossas lideranças e das ações que se traduzem na melhoria da vida dos baianos”, diz a nota assinada pelo titular da Secretaria de Planejamento.
João Leão disse que preferiu ainda não tocar no assunto com o governador Rui Costa (PT), mas que devem conversar nesta terça-feira, 24, para pacificar o caso. Apesar de resguardar o lugar de Robinho no partido, o vice-governador não vai tolerar que ele coloque “salseiro no ventilador”.
“Amanhã tenho uma audiência com Rui, vamos colocar panos frios neste caldeirão, contornar a situação. Robinho continua no partido, mas não queremos ele jogando salseiro no ventilador, queremos que ele se acalme. Ele é uma pessoa equilibrada e nós vamos contornar isso daí”, assegurou.
O descontentamento do deputado estadual Robinho (PP) com o governo Rui Costa (PT) é antigo. Nos bastidores, ele sempre se queixou da falta de atenção do líder do grupo com ele e demais parlamentares da base. Nacionalmente, o partido está lado a lado com o governo Bolsonaro, principalmente após nomeação do presidente da sigla Ciro Nogueira à Casa Civil.
Alguns deputados já se gabaram da quantidade de verba que entra em determinados municípios por meio de emendas liberadas direcionadas pelo governo federal, o que contribui para a esta divisão do partido na Bahia. Filho de João Leão, o deputado federal Cacá Leão é visto com um nome fortemente ligado a Bolsonaro em Brasília e é líder do partido na Câmara Federal.
Compilação: Bahia Notícias, A Gazeta, A Tarde