Retratos do Cotidiano: da Corrupção à Impunidade

“A impunidade gera a audácia dos maus”, Carlos Lacerda (1914-1977)

E pensar – parece até foi ontem – que o petróleo era nosso! E o que virá ainda mais?

Que tempos estes tão contrastantes: de um lado os avanços das ciências, a tecnologia encurtando distâncias (as comunicações) trazendo à luz respostas para um viver com qualidade e, de outro, a insanidade de malfeitores travestidos de dirigentes ou de líderes que assaltam o erário brasileiro, conforme a mídia divulga diariamente.

A bem da verdade, essa brutal situação, localizada em todos os níveis do viver nacional, congrega não apenas os políticos, detentores ou não de cargos, mas, igualmente, segmentos empresariais – cada qual a se locupletar do bem público e do poder – ora corrompendo, desviando recursos e contribuindo para um deletério processo imoral que se estende de forma impune, ora desfigurando os valores institucionais vigentes o que requer um repensar e tomada de posição da sociedade brasileira.

Para os educadores é preciso instigar a sociedade a fim de que a face sombria desses trânsfugas seja, a seu tempo, desmascarada e exposta, cumprindo-se os ditames mínimos do ordenamento jurídico aplicável a cada caso e de forma exemplar. Ao contrário, legitima-se a irregularidade, afronta-se a moralidade e impõe-se o estado de impunidade, situações que não contribuem para a desejável organização social e o desenvolvimento harmônico do país.

Os educadores sempre lutaram por tempos melhores, mesmo na utopia dos sonhos que alimentam o espírito de cada um como instrumentos e apoios em suas caminhadas capazes de levar ao homem os conteúdos morais e outros de sua formação, construindo em dueto o arcabouço do cidadão crítico, participativo e transformador do viver social.

É preciso, portanto, assinalar nas salas de aula o que vem ocorrendo nestes últimos tempos apresentando-se o significado dos bilhões desviados e, por consequência, o que resultaria de sua aplicação em benefício da juventude com mais salas de aulas equipadas, professores motivados e meios adequados ao exercício do ensino e da aprendizagem. E, igualmente, se parte desses gigantescos recursos, ao longo dos anos, tivesse sido utilizado na saúde, na segurança pública, no estímulo à produção dos setores diversos da economia gerando emprego e renda, além das necessidades infraestruturais, com certeza o país seria muito diferente em todos os seus aspectos sociais.

Assiste-se, assim, a um cotidiano de corrupção e impunidade que divide o país em dois, de um lado uns poucos que muito podem no âmbito dos malfeitos (propina, desvios, extorsão e prevaricação) e do outro o povo brasileiro que acompanha, perplexo, os péssimos serviços a ele prestados (na Educação, Saúde, Segurança,Transporte etc) por conta da rapinagem institucionalizada que faz do Brasil campeão mundial na transgressão dos valores morais e motivo de chacota nos fóruns internacionais.

Que, no mínimo, se denunciem de forma constante as falcatruas, em quaisquer instituições nacionais e a qualquer tempo, como um meio indispensável ao seu combate, medida aplaudida pelos muitos honestos deste país.

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