Retenção de recursos no município foi tema de palestra do SEBRAE

*Pedro Ivo Rodrigues/Jadilson Moraes

Entre os dias 31/05 e 01/06, foram realizadas, nas cidades de Teixeira de Freitas e Eunápolis, nos auditórios das respectivas sedes da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), palestras sobre gestão de recursos nos âmbitos municipal e territorial. Os eventos foram promovidos pelo SEBRAE e enfocaram um programa de fixação de renda. De acordo com a entidade, o programa é pioneiro no estado, tendo sido escolhido o extremo sul porque seria a única região que tem todos os seus 21 municípios com a Lei Geral aprovada pelos poderes Legislativo e Executivo.

De acordo com o gerente regional do SEBRAE no extremo sul, Jorge Cunha, o programa visa eliminar os desperdícios e buscar fontes de recursos, atraindo mais investimentos para a região. “O objetivo consiste em evitar que muitos desses municípios coloquem suas rendas, suas receitas para fora da nossa região, em decorrência da falta de qualificação em termos de compras governamentais, tanto pelo poder municipal quanto pelas micro e pequenas empresas. Aliado a isso, a falta de fornecedores e a deficiência de gestão da maioria das micro e das pequenas empresas contribuem para que qualquer grande empresa que venha de fora abale totalmente a sua estrutura, principalmente a financeira”, explicou o gerente do SEBRAE, salientando que o próximo passo é visitar os 21 municípios para estabelecer diálogos com seus secretários e prefeitos, com o fito de diagnosticar as ações prioritárias. “Depois, voltaremos a conversar com a comunidade empresarial, principalmente as entidades, com representatividade muito forte da CDL. Entre 15 a 30 de julho, estaremos realizando um workshop. Entretanto isso não nos impede de desenvolver algumas ações que estavam previstas, como por exemplo, a elaboração de um plano estratégico para o município de Itanhém, tendo em vista o fortalecimento do turismo. Em Alcobaça, faremos um treinamento para capacitação dos colaboradores da prefeitura. Temos também projetos coletivos em andamento, como os relacionados à apicultura, à confecção, móveis, derivados da cana-de-açúcar, cultura da mandioca e também voltados ao turismo da Costa das Baleias e da Costa do Descobrimento”, informou.

Feiras itinerantes

Em relação às feiras itinerantes, Jorge Cunha afirmou que com relação à Fenacouro foram apresentadas soluções distintas. “Em Eunápolis, o fortalecimento das entidades fez com que a Câmara de Vereadores votasse uma lei que impede a realização desse tipo de comércio (oriundo de outras cidades ou estados). Em Teixeira de Freitas, a Fenacouro continua, tendo sido aprovado que 40% dos stands têm que ser de empresas locais. Contudo essa feira cobra um valor astronômico, de R$2.500, 00 pelo stand, enquanto a Ofeban cobrava R$500,00 ou R$600,00”, disse Jorge, ressaltando que é preciso deixar as vaidades de lado e que as entidades devem se fortalecer com um objetivo único em prol da comunidade empresarial. “Temos os exemplos de Porto Seguro e de Eunápolis. Em Itamaraju também houve um fortalecimento muito grande, o que infelizmente não está ocorrendo em Teixeira de Freitas, onde a vaidade pessoal impede soluções definitivas. Outro exemplo é o camelódromo, que querem retirar das portas das lojas. É necessário proporcionar treinamento, mas também fazer um trabalho de feira livre. Tem que ser feito um projeto com estrutura organizacional solidificada, onde possam ser feitas promoções, atraindo público para esse pessoal, que pode ser registrado como empreendedor individual. Para isso, contamos com o apoio do poder público e da iniciativa privada”, finalizou.

Palestrante diz que existe modelo de financiamento municipal

O palestrante Gilmar Barbosa é graduado em administração de empresas, com especialização em Gestão Estratégica. Ele trabalha há mais de 15 anos com entidades com representação empresarial, com desenvolvimento associativo e territorial. Segundo ele, eventos dessa natureza servem para mostrar aos municípios mais pobres que existe um modelo de financiamento municipal. “É importante deixar claro que esses municípios podem se tornar pobres, mas possuem muito mais riquezas e dinheiro em circulação do que se possa imaginar. Embora o tempo de permanência de circulação seja muito pequeno, é importante se encontrar estratégias adequadas para que esse processo possa ser revertido. A proposta de atuação é exatamente diagnosticar nos municípios do extremo sul da Bahia como esse fenômeno se manifesta”, declarou o palestrante, acrescentando que, às vezes, as pessoas compram muito ou o poder público utiliza de maneira inadequada seu poder de compra, sendo possível comprar mais merenda escolar, material de construção e outros itens, mas que, por razões de legislação, não acontece de maneira mais intensiva. “Assistimos também a chegada de várias cadeias de lojas dos mais variados ramos, como farmácias, óticas, supermercados, eletrodomésticos e isso de alguma maneira também contribui para o processo de saída desses recursos da economia local. O primeiro passo é estabelecer uma avaliação dos municípios sobre essas mais de 150 fontes de retirada de recursos. Uma próxima abordagem é sobre lideranças empresariais, gestores públicos, instituições financeiras e instituições de ensino, além de outras entidades-chave, para se estabelecer uma equação”, disse Gilmar, salientando que se a oferta de crédito numa cidade é ruim, uma ação pode ser feita para melhorar a sua oferta. “Pode-se recorrer às cooperativas de crédito, à moeda social, garantia solidária, etc. Para cada sintoma tem que haver um diagnóstico e uma solução adequada. Quando trabalhamos nisso, já sabemos tanto as causas quanto as formas de intervenção”, assegurou.

“Trata-se de um projeto inovador que se inicia no extremo sul da Bahia. É provável que essa metodologia ganhe forma ao longo dos próximos meses, mas a base de atuação é estabelecer um processo de levantamento dos fenômenos na região, que envolvem as pessoas e instituições-chave. A segunda forma é referente à organização das entidades, que vai passar por algumas ações de sensibilização, tornando mais claros itens que dinamizam a economia local, sendo que um montante muito significativo do dinheiro em espécie das transações, fruto da renda dos cidadãos e do orçamento público não fica no solo municipal”, explanou Barbosa, ressaltando que se for possível agir pontualmente sobre cada causa, pode-se atuar no processo de reversão desse quadro. “Para isso, iniciaremos este mês com um workshop e nos empenharemos nessa metodologia. Nos 21 municípios, dois ou três serão escolhidos como municípios-pilotos para uma ação mais contundente, mais aguda”, concluiu.

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