Retalhos

Retalhos

Já éramos adultos quando morreu no início de maio de 2018. Não existe choro hoje, mas lembranças dos rastos de sua vida, que foi exemplar. Mas, apesar do desaparecimento sobraram os retalhos da convivência.

No dia do falecimento ficamos de pé constrangidos ao lado do caixão e choramos sem cerimônia. Nos olhamos nos olhos com abraços sentidos. Hoje cada um com seu retalho das lembranças.

Nunca seremos a mesma pessoa que seríamos se ele estivesse vivo, o aperto da saudade existe podemos permitir está recordação, tocando o peito e liberando a dor, o tempo não volta.

Aquela vida em movimento ao desaparecer cortou vários laços familiares existentes, e nós perdemos a capacidade de recuperá-los. Não sou meu pai com sua capacidade de compreensão do mundo, sou apenas um retalho.

Ele se movia por outros caminhos com outras variáveis, e agora nossas vidas são uma enchente de anseios e saudades. Cada retalho larga palavras frágeis sobre o tecido grande e esticado da vida com todos os nós e imperfeições da falta que ele faz.

Agora a noite se infiltra pela janela e na minha mente. Há três anos aquele livro marcado na mesma página no seu escritório e a poltrona vazia.

A lembrança causa uma dor particular, como particular foi aquele dia, é um sofrimento que abate o coração.

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