Lupi deixou governo no domingo (4), um mês após início de denúncias. Ele chegou a dizer que só sairia ‘abatido à bala’ e que amava a presidente.
Desde o início das primeiras denúncias há cerca de um mês, o ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi usou frases polêmicas para se defender das acusações e tentar demonstrar que estava firme no cargo. No auge das denúncias de irregularidades na pasta, o ex- ministro chegou a fazer uma declaração de amor à presidente Dilma Rousseff.
Lupi deixou o governo neste domingo (4), após se reunir com a presidente Dilma. Lupi afirmou que sofreu “perseguição política e pessoal da mídia”.
Após as primeiras acusações de cobrança de propina e desvio de recursos da pasta, no início de novembro, Lupi demitiu o então coordenador de qualificação da pasta, Anderson Alexandre dos Santos e pediu investigações. Perguntado sobre a possibilidade de ser afastado do comando da pasta, ele afirmou que só sairia “abatido à bala”.
“Alguns acharam que era melhor que eu tivesse saído. Para me tirar, só abatido à bala. Tem de ser uma bala pesada, porque sou pesadão”, afirmou o ex-ministro após reunião com parlamentares do PDT na sede do partido, no dia 8 de novembro.
Dois dias depois, o então ministro do Trabalho foi à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados prestar explicações sobre as denúncias de irregularidades. Durante a audiência, Lupi se disse inocente e pediu desculpas à presidente pela declaração anterior.
“Presidente, desculpe se eu fui agressivo, não foi minha intenção, eu te amo. (…) Como vou desafiar a presidente Dilma? Eu a conheço há 30 anos. Não é cargo que nos guia na vida, é a causa”, disse Lupi.
‘Mentira’
No comando do Ministério do Trabalho desde 2007, Lupi voltou a chamar atenção pelas declarações ao ser desmentido em relação a viagens feitas em aeronaves pagas por ONGs que receberam verba de convênios com a pasta.
Em depoimento na Câmara na última quinta (10), Lupi negou que tenha andado no mesmo avião que o empresário Adair Meira, dirigente de ONGs. “Nunca andei em jatinho de Adair, não o conheço (…) Não tenho nenhum tipo de relação com ele, apenas ter conhecido em algum evento público, isto é normal”, disse.
Alguns dias depois, em depoimento na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, o ministro admitiu ter o uso do avião particular e conhecer o empresário. “Eu não disse em nenhum momento que não andei na aeronave. (…) Nunca neguei que o conheço. Eu disse que não tinha relação [com Adair]”, retificou Lupi.
Reações
Diante das frases de Carlos Lupi, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) chegou a dizer que o ex-ministro “deveria falar um pouco menos”. “Lupi é ministro, não está ministro. Como ministro, ele tem todo nosso apoio. Acho, no entanto, que ele deveria falar um pouco menos”, afirmou.
Para a oposição, o ministro mentiu ao negar o uso do avião e a relação com o empresário dirigente de ONGs. O PSDB protocolou uma representação na Procuradoria-Geral da República pedindo que Lupi seja investigado por crime de responsabilidade.
“A mentira oficial é crime de responsabilidade. A mentira é uma afronta à sociedade e ao parlamento e desmoraliza o ministro. Desmoralizado, não pode continuar”, disse o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
Fonte: G1