Neste primeiro de janeiro, imaginei que olhava da janela a calçada lá em baixo e me imaginava pulando e flutuando em segurança até uma praia exótica, onde a vida seria maravilhosa e todas as minhas preocupações se resumiriam em escolher o próximo drinque gelado a tomar.
A superioridade do sonho consiste em que sonhar é muito mais prático que viver, e em que o sonhador extrai da vida um prazer muito mais vasto e muito mais variado do que o homem de ação.
Na realidade 2022 começa precisando de um regaço para chorar, mas um regaço enorme, sem forma, espaçoso onde devemos chorar por coisas que nem sei quais são e grandes dúvidas arrepiadas de não sei que futuro.
Todos nós desejamos o melhor mas para mim o ano inicia cheio de dúvidas e sei que nossa vida é essencialmente um estado mental, e vivemos em um paraíso artificial longe da realidade dura de milhões de pessoas. Criamos um mundo falso para poder suportar a realidade. Hoje, faria muito mais sentido se disséssemos que “valeu o ano que passou”.
Mas ao olhar para trás percebo que a estrada até aqui foi difícil.
Espero que neste momento estejamos entre dois abismos – um poço fitando o céu do amanhã.