“Erga a voz e julgue com justiça; defenda os direitos dos pobres e dos necessitados.” (Provérbios 31.9)
Questões raciais são importantes e elas trazem muitas, muitas cosias. Uma delas o que se chama, ou costuma-se chamar de “racismo reverso”.
Racismo reverso é um termo usado para descrever atos de discriminação e preconceito perpetrados por minorias raciais ou grupos étnicos historicamente oprimidos contra indivíduos pertencentes à maioria racial ou grupos étnicos historicamente dominantes. O problema quanto a essa ideia está na categorização do que seria um ato discriminatório reverso.
Quando surgiu a campanha mundial “Vidas Pretas Importam”/“Black Lives Metter”, alguns se insurgiram defendendo que a campanha deveria falar de todas as vidas e não apenas das pretas. Que todas as vidas importam é um fato, mas por que gritar que as pretas, particularmente importam? Porque as pretas sofrem mais desrespeito que as brancas, assim como as pobres, mais que as ricas. E, no caso, há uma coincidência entre vidas pretas e pobres, pois as pretas são a maioria das mais pobres. Para que isso se corrija é preciso chamar atenção para as vidas que não estão importando como deveriam.
Outro exemplo está na afirmação de que exista uma dívida histórica em nosso país com as pessoas pretas. Há quem duvide e queira negar isso. Quem questione isso. Mas creio que negar essa dívida é negar a própria história. Por isso justificam-se instrumentos sociais que protejam essas vidas pretas e privilegiem de maneira diferenciada, como por exemplo o sistema de quotas nas universidades. Ele não é perfeito? Ele, sim, pode gerar algum prejuízo para alguém em algum momento. porém ele é necessário, sem dúvida alguma. Não se trata de uma compensação, mas de uma busca por recuperar o que a história causou nas pessoas pretas e seus descendentes.
Veja o que afirma o texto em Provérbios. Ele faz eco com diversas mensagens dos profetas. Os mais feridos, os mais prejudicados, os mais sofridos e injustiçados devem ter nossa atenção especial. Precisamos trabalhar para que haja mais justiça, para que haja mais equilíbrio e igualdade. Devemos refazer as contas para ver se falar de racismo reverso é algo apropriado. Em muitos casos trata-se apenas de um confra-ataque dos que preferem um mundo racista.
A proteção à vida em uma sociedade é assunto fundamental das Escrituras e princípio inquestionável do Evangelho. Precisamos perceber que, além de realizar cultos e cantar hinos, é parte de nosso serviço como gente do Reino de Deus, trabalhar por um mundo mais justo, em que cada pessoa tenha seus direitos respeitados e possa acessar benefícios que os torne mais iguais. Mesmo quando o benefício oferecido não seja algo que eu precise ou mesmo possa acessar, ainda que precise. Precisamos lutar por benefícios que diminuam as desigualdades e protejam os menos favorecidos. Isso também é amar ao próximo!