Quem se interessa

“Antes, santifiquem Cristo como Senhor no coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.” (1 Pedro 3.15)

Santificar a Cristo como Senhor no coração significa viver de maneira que, quem convive conosco, quem por alguma razão ou de alguma maneira tem contato conosco, perceba em nós o mesmo Espírito de Cristo. Acostumamo-nos com um cristianismo caracterizado por afirmações teológicas, por certezas e juízos, certo-errado, bom-ruim, agrada-desagrada a Deus… mas nem sempre caracterizado pelo amor. Acostumamo-nos com muito menos, pensando ser mais: moralismo em lugar de amor e misericórdia.  Preocupamo-nos demais em lavar as mãos antes de comer (Mt 15.18-19) e pouco com o que anda saindo de nós. Há tanto tempo coamos mosquitos e engolimos camelos (Mt 23.23-24) que mosquitos nos parecem camelos e camelos nos parecem mosquitos. A razão é porque santificamos a Cristo em nossas palavras, em nossas liturgias, em nossas teologias, mas não em nosso coração, em nossa vida. Transformamos nosso seguimento a Cristo no seguimento de nossas tradições religiosas.

Santificar a Cristo em nosso coração nos coloca diante do Evangelho que nos dirige para uma fé relacional. Amar, cuidar, respeitar. Ser gracioso, misericordioso. Um tipo de consciência e de vida que nos leva a andar de cabeça erguida e confiantes pelo tanto que somos amados, tanto quanto de cabeça baixa e quebrantados, pela consciência do quanto não merecemos este amor. Quando Cristo está sendo santificado em nosso coração ninguém precisa nos dizer que não temos condições de atirar a primeira pedra. Sabemos que nosso lugar é ao lado da mulher pecadora e não entre os religiosos tomados pela presunção (Jo 81-11). Santificar a Cristo em nosso coração nos humanizará, nos encaminhará a um tipo de força que brota da fraqueza (2 Co 12.10), porque se baseia na graça e não no orgulho. Porque dependemos de Deus e não nos iludimos conosco mesmos. É santificando a Cristo em nosso coração que viveremos de maneira a chamar a atenção para a esperança do Evangelho, fruto do amor de Deus.

Pergunto-me se há alguém interessado em saber algo sobre nós evangélicos e mesmo católicos. As pessoas estão cansadas dos religiosos. Pergunto-me se há alguém encantado com alguma beleza que revelamos pelo modo como vivemos. Temo que não haja muito interesse. O problema não é Jesus e nem o Evangelho. Jesus é a Luz do mundo e o Evangelho são Boas Novas. Mas nós “enfeiamos” a cena. Prepotência, orgulho, falta de autenticidade, de amor, de misericórdia… e tantas coisas que nos distanciam do lugar que a fé cristã nos chama a estar. Mas ainda é tempo. Que acordemos do sono de nosso ativismo religioso e possamos praticar uma religiosidade sadia, apropriada, cujos efeitos sejam vistos em nós, por meio de atitudes, palavras e ações cheias de amor e graça. Que nossa religiosidade seja uma boa moldura para nosso seguimento a Cristo, de maneira que alguém seja tocado, nos faça perguntas, deseje entender a razão da esperança que nos move, que nos faz humanos de um jeito leve e belo. Sábios para viver! E será magnífico poder responder as perguntas!

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