Como as pessoas reagem quando algo terrível pode acontecer?
Tudo depende de quando. Se for num futuro muito distante, ninguém dá muita bola.
Por exemplo, se eu disser que, em 5 bilhões de anos, o Sol vai expandir, engolindo Mercúrio e Vênus, as pessoas vão achar interesse, mas só isso, mesmo que seja o fim do planeta.
Mas se eu trouxer este momento apocalíptico mais para perto?
Quando vemos as queimadas na Amazônia e na Austrália, com a destruição de florestas. Qual é o intervalo de tempo que começa a surtir efeito, despertando medo nas pessoas? Setenta anos? Passa a estar dentro da longevidade da maioria das crianças que hoje têm 10 anos.
Relatórios do Painel de Mudança Climática vêm soando o alarme cada vez mais alto. As temperaturas iram flutuar cada vez mais, as ondas de calor já impactam as produções agrícolas.
Na semana passada a sensação térmica na cidade do Rio de Janeiro chegou a 50 graus. Muitos acham que a ciência encontrará solução. Não vejo esta solução numa escala global. O que precisa é uma mudança radical de mentalidade.
As pessoas não estão tendo medo suficiente do futuro. O momento é de perplexidade em relação à falta de consciência.
Luiz XIV dizia: “Depois de mim, o dilúvio”, esquecendo as futuras gerações. Neste futuro não terá perplexidade mas angústia. Já que a luta será pela sobrevivência, com fugas de locais áridos, devido a devastação do clima e aumento da fome.
Tem um nó que nossa geração precisa desfazer: o da conscientização dos países através de seus dirigentes, todos juntos, lembrando a música “We are the World”.
Todos temos que ter uma atitude mais ativa, estudando o que os cientistas estão alertando. Não são atitudes isoladas que salvarão o planeta, como a da adolescente sueca Greta Thunberg, mas atitude coletiva.
Estamos sempre fugindo, mas já existe uma pontada de medo em muitos corações e, pela primeira vez em toda a minha vida, eu estou mais pessimista, sem ver uma política global para o meio ambiente. Existem pequenas mortes diárias na flora e na fauna e este peso cotidiano está cada vez mais irreversível.
A perda total de nossa joia, o nosso habitat, pode ser uma ruptura abrupta, com diferentes crises, e a tristeza está ligada ao que tivemos e perdemos e que nunca mais teremos, a nossa linda natureza, formada por florestas, rios, marés, peixes e animais selvagens.