Que nosso jeito nos denuncie!

“Pouco tempo depois, os que estavam por ali chegaram a Pedro e disseram: Certamente você é um deles! O seu modo de falar o denuncia.” (Mateus 26.73)

Pedro estava procurando fazer as pessoas acreditarem que ele não conhecia Jesus. Este é o famoso episódio da traição que marcaria a história do apóstolo, segundo a narrativa do Evangelho de Mateus. Chamo sua atenção para a expressão: “o seu modo de falar o denuncia”. Pedro estava se entregando pelo seu modo de falar. Para alguns tratava-se do fato de ser um homem simples da Galiléia, com o mesmo sotaque de Jesus. Sim, certamente Jesus tinha um sotaque característico da região em que cresceu e viveu. Ele encarnou-se mesmo. Tornou-se um de nós e tipicamente um daqueles com quem conviveu. Nem sempre levamos sua encarnação assim tão à sério. Ele e Pedro tinham o mesmo sotaque. Mas gosto de pensar em algo mais: o modo de falar de Jesus tinha algo que o diferenciava embora em tantas outras coisas se igualasse a todos os demais. Gosto de pensar que isso afetou a Pedro. Os três anos de convivência diária com Jesus deixaram suas marcas no apóstolo. Seu momo de falar denunciava que era um de seus discípulos. Diga-me com quem andas… Esse ditado que certamente você foi capaz de completar fala de influência. Aqueles a quem mais abrimos espaço em nossa vida nos influenciam, afetam até mesmo nosso jeito de pensar e de ser. Temos sido influenciados assim por Deus? Afinal, o seu nome está sempre em nossos lábios e oramos a Ele diariamente! Lemos a Bíblia e a conhecemos o bastante para termos uma boa ideia sobre Deus! Será que o “nosso modo de falar” nos denuncia, indicando que temos orado e andado com Deus? Nosso jeito de ser, de nos relacionar, de reagir à vida e lutar por ela indica que estivemos orando, cantando e que, de verdade, desfrutamos da presença de Deus? Há quanto tempo você é cristão? Quantas orações já fez? De quantos cultos já participou? Como isso tem afetado você? Precisamos ter cuidado: a religiosidade não é o mesmo que vida com Deus.

A religiosidade apenas nos faz bons em apontar pecados. A vida com Deus nos ensina a lidar com eles. A religiosidade nos faz diferentes, a vida com Deus nos faz acolhedores. A religiosidade nos leva a falar palavras estranhas, a vida com Deus nos leva a falar palavras amáveis. A religiosidade é uma paixão e nos faz intolerante e orgulhosos. A vida com Deus é de outra natureza e nos faz compreensivos e humildes. A religiosidade é violenta, a vida com Deus, graciosa.

A questão em si não é nossa religião, mas sua pobreza. O fato de apenas nos fazermos observadores e regras e apegados a versos bíblicos que tantas vezes entendemos mal e pouco nos influenciam. Precisamos nos converter ao amor de Deus e manifestá-lo. Precisamos nos converter à bondade de Deus e praticá-la. Precisamos nos encantar com a misericórdia, a graça e a paciência de Deus e escolher imitá-lo apesar de nossa fragilidade e imperfeição. Aí nossa religiosidade estará a serviço de nossa espiritualidade e deixará de ser um desvio.  Precisamos ser pessoas cujo modo de lidar com a vida informe a outros que oramos diariamente e cremos no Evangelho. Pedro queria se ocultar e foi incapaz. Que nossa vida de fé seja assim: impossível de ser ocultada! Que nosso jeito de amar e servir nos denuncie.

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