Salvador – A meningite meningocócica voltou a ser motivo de preocupação em Salvador. Nos últimos dez dias, quatro crianças foram internadas no Hospital Couto Maia com sinais da doença. Uma delas, a pequena Emanuelen Santana Souza, de apenas nove anos, moradora do bairro de Valéria, não resistiu e morreu.
O óbito foi confirmado no dia 20 deste mês. Segundo dados divulgados ontem pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), esta foi a quinta morte provocada pela doença meningocócica na capital baiana em 2011.
Emanuelen estudava na Escola Municipal Professor Afonso Temporal, em Valéria, local em que a situação é considerada crítica.
Na última segunda-feira, um menino de oito anos que também estuda na instituição de ensino deu entrada no Couto Maia com suspeita de meningite. O quadro de doença meningocócica foi confirmado por exames laboratoriais e a criança, segundo parentes, está internada em estado grave, isolada dos demais pacientes.
“Ele estava com fortes dores de cabeça e foi levado para o hospital. Primeiro disseram que era meningite viral, mas depois voltaram atrás e atestaram que era a doença meningocócica. Ele fez uma cirurgia no pescoço e agora está na UTI”, disse Antonia Oliveira, tia do garoto.
De acordo com pais de alunos da escola, uma terceira criança que também estuda no local apresentou sinais da doença na última terça-feira e foi encaminhada para o Couto Maia.
“Não sabemos o nome da menina, mas ela mora na Rua Terra Cor, aqui mesmo em Valéria. Ela deixou a sala de aula com fortes dores de cabeça e foi para o hospital, só que ninguém da diretoria da escola quer falar sobre isso”, declarou a dona de casa Idicleide Maria Santana, de 33 anos.
A Sesab afirmou desconhecer este caso, mas admitiu a internação de uma garota de 14 anos, moradora do bairro do Uruguai, que também teve o quadro de meningite meningocócica confirmado.
PROTESTO
Revoltados com o número de casos de meningite meningocócica registrado em um único local, os moradores do bairro de Valéria fecharam, na tarde de ontem, a Escola Municipal Professor Afonso Temporal. Uma manifestação foi realizada na porta do colégio, que ficou sem aulas durante boa parte do dia.
“Enquanto não houver a vacinação de todos os estudantes, não trarei meus filhos ao colégio”, disse a dona de casa Asenate Maria Barbosa, de 47 anos. “Só entregaram os coquetéis para os estudantes da 3ª série, que era a turma da menina que morreu. E os outros estudantes, ficam como?”, questionou Antonia de Jesus, que também participava do protesto.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que equipes da Vigilância Epidemiológica do Distrito Sanitário São Caetano/Valéria estiveram na casa de Emanuelen na última terça-feira para fazer a quimioprofilaxia, série de medidas adotadas para evitar a propagação de doenças infectocontagiosas. O procedimento também foi realizado na escola, onde 75 pessoas, entre vizinhos, alunos e funcionários, receberam tratamento à base de antibióticos.
As equipes de saúde do Distrito Sanitário São Caetano/Valéria também realizaram ações educativas na escola, através de palestras, visando esclarecer sintomas da doença e orientar a busca precoce por atendimento médico para quem apresentar sinais da doença.
De acordo com a SMS, uma nova sessão de quimioprofilaxia deve ser realizada nesta quinta-feira, a partir das 9 horas, em virtude da confirmação de mais um caso da doença na unidade de ensino.
Fonte: Thiago Pereira / Tribuna da Bahia