“Chamando uma criança, colocou-a no meio deles” (Mateus 18.2)
Do que mais estamos precisando neste nosso mundo complicado e cheio de dores? O que está faltando entre nós para que sejamos cristãos melhores, pais melhores, amigos melhores, cidadãos melhores, líderes melhores? Certamente não é de mais pessoas ansiosas por poder, por benefícios e vantagens. Precisamos de pessoas mais humildes, que vivam com mais simplicidade. Quando os discípulos quiseram saber quem seria o maior no reino dos céus, Jesus, “chamando uma criança, colocou-a no meio deles”. Uma criança era a resposta e ainda é. Se os países integrantes das Nações Unidas se reunissem hoje com Jesus e dissessem: Estamos precisando de uma liderança que possa enfrentar adequadamente os graves problemas que envolvem violência, fome e doenças no mundo e gostaríamos que nos respondesse uma pergunta: que tipo de líderes precisamos ser para que o mundo de fato melhore? Creio que Jesus “chamando uma criança, a colocaria no meio deles”.
Não tenho dúvida de que o que tem faltado a todos nós, e aos nossos líderes, é que nos tornemos pessoas que possam ser consideradas grandes no reino dos céus. Se pudéssemos ser assim considerados, significaria que nosso olhar para vida, nossos princípios e valores, estariam harmonizados com a vontade de Deus, que é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2), em lugar de expressarem nossa maldade e egoísmo. Significaria que teríamos superado ou estaríamos superando a ilusão própria de nosso orgulho e presunção. Que já teríamos percebido a futilidade dos nossos sonhos de grandeza e poder. Estaríamos valorizando mais as pessoas do que as coisas. Fosse um negro ou um branco, não faria diferença, todos seriam tratados sempre de forma igual e respeitosa. Com menos ambição, constataríamos que, neste mundo, há sim o bastante para todos e tudo seria muito diferente do que tem sido.
Ainda hoje uma criança é a resposta. Assim, frágil e colocada entre nós, ela denuncia nossa falta de bom senso e sabedoria. As crianças não costumam pensar uma coisa e falar outra. Não costumam guardar mágoas deixando-as amadurecerem para ressurgirem depois em forma de vingança. Às crianças importam mais a felicidade que o poder. Elas esquecem mais facilmente, abraçam mais facilmente, sorriem mais facilmente, choram mais facilmente, dormem mais docemente, brincam mais frequentemente… elas vivem melhor e assim honram ao Criador que lhes deu vida. Adultos, atrapalhados pelo rancor, pela ansiedade, pelo coração amargo e pela culpa, não sabem viver e desonram Aquele que sustenta a vida. Sim, parece ser isso mesmo: ainda hoje, uma criança é a resposta. E não é sem razão que o Evangelho de Jesus afirma o Reino dos Deus pertence aos que são semelhantes a elas! (Mc 10.14)
ucs