Projetos Culturais da Bahia Trocam Experiências

Projetos Culturais da Bahia Trocam Experiências
Foto: divulgação
Contemplados dos municípios baianos pelo edital Microprojetos Mais Cultura se reúnem com representantes do MinC

Às margens o Rio São Francisco, pouco antes de suas águas formarem a barragem de Sobradinho, no norte da Bahia, fica o pequeno município de Morpará. Dentre a população, estimada em pouco mais de nove mil pessoas, está o “seu” Emílio Mariani, trabalhador rural de 70 anos de idade. Ciente da importância a conservação das artes tradicionais, Emílio fundou, em 2008, a Associação Afro-Cultural Arte e Dança de Morpará – um trabalho desenvolvido junto com a professora Donna, esposa do septuagenário. Não é o único projeto da cidade: lá também existe o Paiol da Arte, que estimula a produção artesanal.

Não distante de Morpará está João Dourado. Com pouco menos de 20 mil habitantes, a cidade abriga trabalhos de música e teatro para a juventude. Os adolescentes da cidade já montaram, inclusive, o espetáculo “A Vida de São Francisco e Santa Clara de Assis”.

Ainda às margens do Velho Chico, está Abaré. Na cidade, Patrícia de Lima trabalha na produção do CD “O Espelhar da Nossa Gente”, que resgata os sons e a música folclórica da população ribeirinha da região. Próximo de Abaré fica a cidade de Macururé, lugar onde residem os músicos que formam a Banda de Pífanos do Raso da Catarina. Liderados pelo Mestre Irineu dos Santos, os integrantes gravaram um disco e estão na estrada a divulgar a arte do sertão.

Projetos socioculturais como esses estão espalhados não só pela Bahia, mas por toda a região do semiárido brasileiro: uma área que engloba estados das regiões Norte, Nordeste e Sudeste. O Programa Mais Cultura, do Ministério da Cultura (MinC), premiou todas as iniciativas acima citadas e aproximadamente outras 1,2 mil. Esses projetos foram inscritos e contemplados pelo edital Microprojetos Mais Cultura do Semiárido, lançado no ano passado. No fim deste mês, responsáveis dos projetos contemplados e representantes do MinC vão se encontrar para troca de experiências. Dois desses eventos acontecem em solo baiano, nos dias 25 e 31 de agosto, em Vitória da Conquista e Feira de Santana, respectivamente.

Além da troca de experiências, o objetivo dos Encontros dos Microprojetos do Semiárido é a formação de uma rede de articulação. Por meio de dinâmicas em grupo, o MinC e os responsáveis pelos projetos vão definir as melhores formas de se estabelecer um processo de cooperação mútua. Os representantes do Ministério vão ainda esclarecer dúvidas e prestar consultorias técnicas para a melhoria das atividades em desenvolvimento. O Microprojetos Mais Cultura é uma iniciativa inédita que busca aumentar a dinâmica econômica de comunidades e municípios com o apoio financeiro a pequenos projetos de jovens artistas, grupos independentes e produtores culturais. Ao todo, foram investidos cerca de R$ 14,6 milhões. Na Bahia, 242 iniciativas foram premiadas com um investimento total de pouco mais de R$ 3,3 milhões.

Os recursos foram empregados das mais diversas maneiras: desde viabilizar as atividades propostas até o melhoramento daquilo que já existia. “Antes, quando íamos apresentar qualquer evento na comunidade, a nossa maior preocupação era por não ter recursos necessários como caixa de som, mesa, microfones, figurinos, etc. Muitas vezes deixávamos de nos apresentar por não ter material suficiente”, disse Mara Tavares, do projeto Juventude e Teatro, de João Dourado (BA). “Hoje, esse pesadelo acabou. Nossa maior preocupação agora é estudar uma melhor forma de atrair a atenção dos jovens que não estão envolvidos no projeto, mas sim nas drogas”, explica.

Nem só pequenos programas socioculturais foram beneficiados pelo edital Microprojetos: o dinheiro também foi empregado para viabilizar produtos como CDs, livros e até histórias em quadrinhos (HQs). É o caso do projeto “Lucas na Feira”, uma HQ de Feira de Santana roteirizada por Marcos Franco, Marcelo Lima e arte de Hélcio Rogério. Os dois pesquisadores contam a história do escravo rebelde Lucas da Feira. “Alguns dizem que ele foi ladrão, outros contam que não era um verdadeiro criminoso, pois roubava dos ricos para dar aos pobres. Outros só conhecem o seu nome. E há aqueles que nem mesmo possuem informação sobre sua existência”, explicou Marcelo Lima, que espera que a HQ possa ser adotada pelas escolas públicas de Feira de Santana.

 

Serviço: Encontro dos Microprojetos – Semiárido Brasileiro (Bahia).

 

25/08 – Vitória da Conquista (BA) – Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima – das 9h às 18h.

 

31/08 – Feira de Santana (BA) – Centro de Cultura Amélio Amorim – das 9h às 18h.

 

Fonte: Projeto Sons do Raso

 

 

 

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