Projeto trabalha com aspectos socioemocionais de estudantes do Ceprog, em Teixeira

Projeto trabalha com aspectos socioemocionais de estudantes do Ceprog, em Teixeira
Intitulado de Abraça-me, o projeto busca acolher. Fotos: Ascom/IAT

No mês em que se dialoga sobre a prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo, um projeto desenvolvido no Colégio Estadual Professor Rômulo Galvão (Ceprog), em Teixeira de Freitas, tem despertado a atenção de educadores e estudantes para a importância de trabalhar os aspectos socioemocionais.

Intitulado de “Abraça-me”, o projeto busca acolher e dar suporte a estudantes que com dificuldades e transtornos emocionais.

O idealizador é um estudante, o Eduardo Siqueira, que conta que a iniciativa veio após a perda de um amigo para a depressão. Ele relata que tinha vontade de ficar sozinho e sem vontade de conversar.

Para ele, a ideia de ajudar os colegas que passavam pela mesma situação o fez sentir-se melhor. “Decidi tomar uma atitude, porque a maioria das pessoas não se importa”, desabafou o jovem.

Eduardo teve o apoio de Gleidiane Oliveira, coordenadora pedagógica da unidade escolar. Ela lembra que as atividades do Abraça-me começaram com apresentações de teatro e depois com rodas de conversa.

No início os estudantes ainda não falavam muito, mas com o passar do tempo ficaram mais abertos para o diálogo. Muitos querem e precisam somente ser ouvidos. Na maioria das vezes os problemas não são tão grandes como eles pensam”, afirmou.

Projeto trabalha com aspectos socioemocionais de estudantes do Ceprog, em Teixeira
Decidi tomar uma atitude, porque a maioria das pessoas não se importa”

A “Caixinha das Angústias”, uma caixa lacrada, que fica disponível na escola e somente os professores abrem, também é uma ação do projeto que tem auxiliado a direcionar o trabalho. Os estudantes não precisam se identificar e podem falar sobre o que os aflige de forma anônima. “De início havia um número grande de menção ao suicídio”, comentou Gleidiane.

De acordo com a coordenadora, os assuntos mencionados na caixinha se transformam nos temas para as rodas de conversa e atividades culturais. “Com a participação de um estudante, vimos que aproximação com os demais poderia ser mais fácil”, contou a coordenadora.

Para o educador e articulador do Ceprog, Jairo Avelar, já é notório os resultados positivos. “Já é perceptível a mudança. Eles já estão mais abertos. Cada dia aumenta o número de participantes, eles falam mais sobre o assunto. Está sendo possível antecipar algumas situações, alguns problemas”, declarou.

O Grupo de Apoio Mútuo para Ansiedade (Gama), fundado em 2016 por professores da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), aderiu ao projeto e oferece orientação para os casos de ajuda especializada, além do compartilhamento da experiência desenvolvida na Universidade.

Esse é um dispositivo de alívio da pressão. As pessoas participam espontaneamente, fala quem quer e o relato destas pessoas é que quando elas falam sentem-se melhor, conseguem partilhar sua dor”, afirmou o professor Leandro Gaffo, membro do grupo.

Ele acrescentou que o grande diferencial de conversar com familiares e amigos, por exemplo, é que no grupo não haverá  julgamentos morais da pessoa

Neste sentido, a coordenadora Gleidiane reforça que o projeto cria mecanismos de escuta como estratégia de canalização da dor.

O número de participantes cresceu, os casos de relato de automutilação diminuíram, adolescentes que chegavam com crise de ansiedade e choro reduziram, mas o mais bacana é ver o apoio mútuo entre eles”, finalizou.

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