Secretário sugere que cacauicultores usem a união dos pesquisadores como exemplo para defender os interesses do cacau. Salles alerta para riscos da monilíase
Reunindo pesquisadores da Ceplac, Embrapa, Uesc, Unicamp, USP, e secretaria estadual da Agricultura através da EBDA e Adab, o Projeto Renorbio, que incorporou o Renorbio-Vassoura de Bruxa do Cacaueiro, (Renobruxa), foi lançado oficialmente na manhã desta sexta-feira, (9), na superintendência da Ceplac, na rodovia Ilhéus/Itabuna, marcando um novo tempo na pesquisa do cacau. A somatória de esforços de instituições de pesquisas, desenvolvimento e Inovação com o objetivo de encontrar as alternativas para o controle da vassoura de bruxa foi destacada pelo secretário da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, como um exemplo a ser seguido por todos os elos da cacauicultura.
“Os produtores de cacau precisam abandonar as vaidades e diferenças e se unir por uma região melhor. É preciso quebrar o paradigma de que nessa região nunca haverá entendimento entre as várias correntes do cacau. A união dos pesquisadores, que estamos vendo aqui hoje no lançamento desse importante projeto, deve ser um exemplo para todos. Só assim superaremos a crise que já dura duas décadas, para entrar num ciclo de desenvolvimento sustentável”, ressaltou, destacando que o governo da Bahia não tem medido esforços para que o cacau e o Sul do Estado vivam um novo momento.
O projeto Renorbio-Vassoura de Bruxa tem (Renobruxa), visa a revitalização da cacauicultura baiana e dinamização da cacauicultura nacional, através do controle da doença, por meio do desenvolvimento de novas variedades para plantio, com adequada qualidade de produto, boas características gerais e maior durabilidade de resistência, a partir da acumulação de genes e utilização de variedades com diferentes conjuntos de genes associados a este caráter, conforme destacou Luis Antonio Barreto de Castro, ex-presidente do Fundo Setorial do Agronegócio do Ministério da Ciência e Tecnologia, um dos articuladores da Rede Renorbio.
Além disso, a identificação de novos genes de resistência à vassoura-de-bruxa e marcadores ligados a estes, visa dar suporte à obtenção de variedades do cacaueiro com resistência durável. Luis Antonio destacou ainda a produção de fungicida à base de moléculas de RNAs homólogas a genes essenciais aos processos de infecção, crescimento, obtenção de nutrientes, reprodução ou outros aspectos da patogenicidade do agente causal da vassoura-de-bruxa. Ele cita também o estabelecimento de bases para produção de plantas transgênicas de cacau.
O diretor da Ceplac, Jay Wallace da Silva e Mota, e o secretário Eduardo Salles destacaram o empenho do governador Jaques Wagner e da secretária Eva Chiavon, da Casa Civil, para a liberação de R$ 6 milhões da FINEP do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e do Ministério da Agricultura, através do orçamento da Ceplac, para o projeto Renorbruxa
Desde o ataque da Vassoura da Bruxa, no final da década de 80, que reduziu a produção brasileira de 400 mil toneladas de cacau para menos de 100 mil toneladas, a Ceplac desenvolveu inúmeras pesquisas. Além de ter produzido 39 clones com genes tolerantes e resistentes à doença, os pesquisadores também desenvolveram tecnologias para o manejo integrado da vassoura-de-bruxa com controles cultural, biológico, genético e químico, e recebeu premiação internacional do Fundo Comum de Commodities (CFC) durante a celebração de seus 20 anos de fundação em reunião em Nairobi, Quênia, em setembro do ano passado.
MONILÍASE
O secretário Eduardo Salles alertou para o risco da monilíase do cacaueiro, chamando a atenção para a necessidade de ações efetivas de pesquisa para evitar que a praga, ainda ausente, atinja o Brasil e a Bahia. A doença já foi registrada no Peru, a 80 quilômetros da fronteira com o Acre. “Não podemos repetir o erro da vassoura-de-bruxa, quando tivemos que atuar como bombeiros. No caso da monilíase, devemos evitar o incêndio, já que a doença é altamente danosa para a lavoura”, disse, propondo um termo aditivo ao projeto Renorbio para pesquisas com a monilíase.
O secretário informou que o governo da Bahia, através da Agência de Defesa Agropecuária, (Adab), está em alerta. A Adab já desenvolveu um plano de contingenciamento, tem 40 técnicos treinados e mantém 70 postos de observação. A Seagri, Ceplac, Adab, EBDA, Uesc e Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Baiano compõem o Comitê Estadual de Prevenção à Monilíase.
A coordenadora regional da Adab em Itabuna, Catarina Cotrim, lembrou que a agência tem promovido treinamentos para a detecção e prospecção da doença, com o objetivo de capacitar técnicos, agentes e agrônomos como multiplicadores de informação para evitar que a praga seja introduzida na cacauicultura baiana. “Esse treinamento integra o conjunto de ações preventivas para a proteção dos cacaueiros”, disse ela, lembrando que a presença da praga em países como Colômbia, Peru e Venezuela trouxe reflexos negativos nos aspectos social, econômico e ambiental.
Fonte: Ascom da Seagri