Quando nasci a fralda era de pano, tinha que lavar sempre, telefone era linha fixa e caro, viajar de avião um luxo, expectativa de vida de 65 anos, televisão preto e branco e tantas coisas que mudaram e “evoluíram”.
Vejo que o progresso denota uma atividade constante que leva à mudança do velho em novo, devido à crença de que o novo sempre é superior ao velho. Embora isso possa ser verdade em algumas áreas técnicas, como crença é perigoso. Disso decorre que o filho é superior ao pai e que a tradição é somente o peso morto do passado. Existem culturas nas quais prevalecem outros valores, nas quais o respeito pelo passado e pela tradição é mais importante do que o desejo de mudar. Nestas culturas, são minimizados os conflitos, é rara a neurose.
Nós como pais, como representantes da cultura para nossos filhos, temos a responsabilidade de inspirar neles estes valores, num mundo fluido como o que vivemos.
Os filhos resistirão a estas exigências, pois que significam uma domesticação de sua natureza animal. O filho tem que ser “violado”. Com amor e compreensão é possível ensinar a um filho os hábitos e rituais de uma cultura, sem violar seu espírito. Infelizmente, na maioria dos casos, o processo de adaptação de um filho à cultura não deixa por menos; viola efetivamente seu espírito, tornando-a então neurótica, fazendo-a sentir medo da vida.