Professores devem paralisar na próxima quinta-feira

Por Pedro Ivo Rodrigues

A APLB Sindicato, entidade que representa os professores, realizou uma assembléia no Colégio Municipal de Porto Seguro, nesta terça-feira, 31/08, onde foram debatidas as supostas dificuldades de negociação com o Executivo em torno das reivindicações salariais da categoria. De acordo com dirigentes do sindicato, o prefeito Gilberto Abade citou a Lei de Responsabilidade Fiscal como motivo para não conceder nenhum percentual de reajuste, tendo em vista que se o fizesse agora poderia ultrapassar os limites prudenciais previstos na legislação e arcar com consequências, entre as quais um possível afastamento do cargo. Ainda segundo a APLB, caso o gestor não apresente uma contraproposta até a próxima quinta-feira, dia 02/09, deverá ser decretada paralisação das atividades dos docentes por tempo indeterminado.

O professor Euvadelis Pereira afirmou que o orçamento para a Educação de Porto Seguro aumentou em R$10 milhões desde o ano passado, o que, em sua ótica, torna incompreensíveis os argumentos defendidos pelo prefeito Abade. “Enquanto a verba para o setor cresceu, em apenas um ano, o município teve uma redução de aproximadamente 1000 alunos. Também não se justifica, com tantos recursos em caixa, a construção de apenas três escolas. Além disso, a prefeitura propôs anteriormente a distribuição de R$300 mil em abonos aos professores e essa quantia não entrou na folha de pagamento. Em 2010, outras classes de servidores receberam abonos e por que não os professores? ´, questionou.

Já o presidente do sindicato, Jurandy Nascimento, afirmou que a classe está decepcionada com os resultados das negociações. “O técnico Joel Câmara provou que os documentos oferecidos pela secretaria de Educação mostravam que era possível um aumento de 15.9% e, segundo o prefeito, o que nós encontrássemos nos seria repassado. Sendo assim, cabe a ele cumprir o prometido. Quero ressaltar que em nenhum momento nós expressamos o desejo de que o gestor cometa um crime fiscal, mas que leve em consideração de que estamos há dois anos sem aumento salarial, mesmo com acréscimos da verba para a educação municipal. Os professores estão revoltados, indignados com esta situação e, mais uma vez, a educação de Porto Seguro assume aspectos negativos”, declarou Nascimento.

Mortes dos professores Álvaro Henrique e Elisney Pereira

No tocante aos assassinatos dos professores Álvaro Henrique Santos e Elisney Pereira Santos, mortos a tiros em Porto Seguro, crime que completará um ano no próximo dia 17, o presidente da APLB enfatizou que a entidade deverá se manifestar na data e que persistirá na luta por justiça aos colegas que tiveram suas vidas interrompidas prematuramente. “Estamos realizando um seminário como marco ao primeiro ano dos homicídios dos educadores. Faremos uma caminhada pacífica para que a sociedade de Porto Seguro e a da Bahia não esqueçam o que aconteceu. Para isso, precisamos de todo apoio possível para que essa data seja lembrada com muito orgulho por aqueles que conviveram com Álvaro e Elisney. Não queremos injustiças, que inocentes paguem por crimes que não cometeram, mas não iremos nos calar até que os culpados sejam apontados e condenados”, concluiu.

Concernente às reivindicações salariais, o jornal O Sollo está à inteira disposição da secretária Dilza Reis, para que preste os esclarecimentos pertinentes.