Quando ligo a TV pela manhã ouço a informação da previsão do tempo, probabilidade de 20% de chuva, 30% ou 40%, penso, as pessoas que mais precisão estão agora nos metrôs, nos ônibus, nos trabalhos, aqueles que vivem nas encostas dificilmente assistem estas previsões, os agricultores devem estar atentos ao tempo, mas eles precisam tanto dele que a previsão só serve para confirmar a experiência de vida.
Mas esta tragédia em Petrópolis? Os meteorologistas não se preocuparam com o tempo; todas brincavam ou descansavam no chão morno como se fossem donas dos séculos, como se os minutos equivalessem a horas.
A vista era impressionante daquele barranco desabamento, trouxe este pensamento surreal na minha mente, e as duzentas e tantas morte, a cidade precisou renascer para uma nova vida e uma nova linha de raciocínio em relação a previsão do tempo, após aquele cenário.
Foi como depois de um terremoto, um incêndio, um fenômeno devastador, no meio das ruínas, você constata que sobreviveu. E depois, aconteceu uma coisa muito estranha tudo estava normal. Como toda manhã, os sons do tráfego se apoderaram do ar, chovia como sempre, nas calçadas pedestres transitavam com guarda- chuvas. O que mais? As pessoas se dirigiam a seus compromissos como se não tivesse ocorrido aquela tragédia, que tempos depois se repetiu. Pensei de que havia uma conspiração contra minha sensibilidade no mundo. Todas as coisas parecem me dizer: pois é, a tragédia matou tanta gente e daí? Os besouros e as galinhas também morrem. Este pensamento me faz muito mal. De repente senti que acordei de um pesadelo e agora entrasse em outro pior.