No último dia 29 de setembro, o reitor da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Naomar Monteiro de Almeida Filho pediu exoneração do cargo durante a reunião do Conselho Universitário (Consuni) por meio de videoconferência, uma vez que o mesmo se encontrava em Salvador no momento da reunião. A sua saída da reitoria acontece cinco semanas antes da primeira eleição para reitor da instituição; uma vez que quando a UFSB foi fundada há quatro anos, Naomar foi designado para o cargo por meio de nomeação pelo então ministro da Educação, Aloisio Mercadante, no ano de 2013. Assumiu interinamente o cargo a vice-reitora Joana Angélica Guimarães da Luz.
O ex-reitor afirmou na ocasião que “pressões internas” por parte de alguns membros da instituição o motivaram a optar por sua exoneração. O tom do discurso de Naomar deixa claro que tais pressões beiravam o que ele chamou de “fascismo social”; razão pelo qual que diante do que chamou de “conspiração” e “jogo de sombras” por parte de uma “oposição raivosa” do qual “manifestam ódio de várias maneiras”, que a sua exoneração tornava-se a saída mais simples a ser tomada diante da situação em que se encontrava.
Um dos fatores pelos quais acarretaram na falta de apoio e pressões por parte do que Naomar se referiu como vindas de “um pequeno grupo” no qual promovem “movimentos insidiosos nos subterrâneos” da instituição, foi a implementação de uma formação multiprofissional e interdisciplinar na universidade, o que acabou por contrariar os interesses de seus opositores de dentro da instituição de ensino.
Além disso, a proposta que tem sido reverenciada por instituições renomadas, como a universidade americana de Harvard, está fundamentada no compromisso social, uma vez que é empregada cotas na proporção do IBGE, tendo em sua maioria alunos provenientes de escolas públicas, pobres e negros.
Em defesa deste modelo, Naomar destaca “a formação compartilhada, a interprofissionalidade e a humanização” como alguns dos elementos a serem adotados pela universidade. Que segundo ele são “cruciais para gerar efeitos formativos da maior importância” tais como “responsabilidade política, compromisso social, honestidade e sobretudo ética”.
O ex-reitor se perguntou a respeito das razões pelos quais perpetraram este golpe contra a instituição que culminou em sua saída: “Será sede de poder, para quê mesmo? Poder para retroceder? Será sofreguidão para destruir? Destruir o quê? Desmontar um projeto contra-hegemônico de universidade crítica, popular, transformadora?”. Em seguida, definiu o modelo pedagógico adotado como uma ameaça “aos que querem o mínimo legal, ficar na zona de conforto para fazer mais do mesmo”.
Portanto, os sabotadores deste conceituado modelo educacional representam um retrocesso fundamentado sobretudo nos interesses particulares cuja a única preocupação é a manutenção do poder, em detrimento de um projeto de caráter reformador e progressista.
No fim da reunião da Consuni, um grupo de estudantes e professores se uniram em prol de um movimento pela permanência de Naomar em frente da instituição. Contudo, uma vez que a exoneração não pode ser anulada, o grupo têm se articulado para que o ex-reitor possa disputar a eleição.