Pelo menos três detentos envolvidos no massacre de 55 presos em presídios do Amazonas foram transferidos para a Penitenciária Federal de Brasília na terça-feira (28).
Os nomes dos internos e os crimes pelos quais eles respondem não foram informados. Até o fim desta quarta (29), mais 20 presos devem ser levados para unidades de segurança máxima, segundo o governo federal.
À reportagem, Paco Britto disse que o GDF não foi avisado sobre a transferência e, até o último balanço, a Secretaria de Segurança Pública não tinha o número exato de internos recebidos. “É uma temeridade!”.
“O governo federal está colocando em risco todos os poderes da República e representações internacionais (são mais de 180 representações, embaixadas e consulados) concentrando esses bandidos de alta periculosidade na capital do país”, afirmou.
Vagas em presídios
Na madrugada desta terça, o ministro Sergio Moro informou, via Twitter, que o governo federal vai disponibilizar as unidades federais para receber presos do AM. “Vamos disponibilizar vagas nos presídios federais para transferência das lideranças envolvidas nesses massacres”, disse o ministro.
Ele disse que o levantamento dos envolvidos no massacre ainda está em andamento e que, à medida que os presos forem identificados, o governo fará o pedido ao Ministério da Justiça e Segurança para transferência deles.
Em entrevista à Globo News, o diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Fabiano Bordignon, afirmou que o objetivo da medida é distribuir os líderes da facção que entrou em guerra no Amazonas em diferentes unidades prisionais do complexo federal.
Segurança reforçada
Em 8 de maio, uma portaria assinada pelo ministro Sérgio Moro prorrogou até setembro o uso da Força Nacional de Segurança Pública nos arredores da Penitenciária Federal de Brasília.
Com a medida, o emprego da tropa de segurança usado na transferência de chefes de uma facção criminosa paulista para a capital do país foi ampliado por mais 120 dias.
As regras divulgadas não citam, no entanto, quantos servidores foram mobilizados. Segundo a portaria, o contingente “obedecerá ao planejamento da Secretaria Nacional de Segurança Pública”. Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que não informa detalhes sobre o efetivo envolvido.
Penitenciária federal
A Penitenciária Federal de Brasília foi inaugurada em 16 de outubro de 2018 e é a quinta unidade federal do país. Atualmente, o Sistema Penitenciário Federal é composto pelas penitenciárias de Campo Grande (MS), Catanduvas (PR), Mossoró (RN), Brasília (DF) e Porto Velho (RO).
O presídio conta com 12.300 m² de área construída. São 208 celas individuais, com 6 m², divididas em quatro blocos.
Em cada uma, há uma cama, sanitário, pia, chuveiro, mesa e assento. Os presos não tem acesso ao sistema de iluminação nem ao chuveiro. A luz é ativada de maneira externa, assim como os chuveiros.
Quarenta presos foram encontrados mortos dentro de cadeias em Manaus na segunda-feira (27), informou a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Inicialmente, o governo do Amazonas havia dito que eram 42 mortos.
Na véspera, uma briga entre presos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) já tinha deixado 15 presidiários mortos.
A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que todas as mortes desta segunda tinham indício de asfixia. Elas ocorreram nas seguintes unidades:
- Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat) – 25 mortos;
- Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) – 6 mortos;
- Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM 1) – 5 mortos;
- Compaj – 4 mortos.
Compilação G1