*Pedro Ivo Rodrigues
O presidente da Câmara Municipal de Porto Seguro, Carlito Martins Pereira, concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Sollo e falou sobre a transição do cargo, sua experiência como parlamentar e também sobre a relação entre os poderes Legislativo e Executivo em Porto Seguro. O vereador enfatizou que o mandato de um edil não é para aqueles que o elegeram, mas para toda a população que representa, uma vez que terá que lidar com as demandas de toda uma sociedade, frisando que nem sempre esse papel é compreendido pelos munícipes, que às vezes pleiteiam favores que podem até ser moralmente corretos, mas que carecem de respaldo legal. “Quando negamos uma reivindicação, não fazemos por má vontade, mas porque existem critérios que devem ser observados, como as diretrizes dos tribunais de contas, que, se forem desrespeitadas, podem acarretar a inegibilidade do político. Sob a minha presidência, as contas da Casa foram aprovadas”, destacou Martins.
Abaixo, a entrevista na íntegra:
Jornal O Sollo: Presidente, o senhor poderia comentar a transição do cargo o qual ocupa atualmente?
Carlito Martins: O presidente da Câmara Municipal exerce o mandato de dois anos, com direito à reeleição. Todo vereador sonha em chegar à presidente. Fui escolhido para a função em 2008, assumindo-a no ano seguinte e agora cederei o cargo para o vereador Pastor Erivaldo, que tomará posse em 2011 e é um homem de bem, muito competente e atuante. Tenho a dignidade de conhecê-lo como um irmão e amigo. Tendo tudo isso em conta, julguei oportuno dar oportunidade para que ele desenvolva o seu trabalho por esta casa, que estará em boas mãos. Considero que nas partes administrativa, técnica e política, a sua gestão será muito proveitosa.
Jornal O Sollo: Qual avaliação que o senhor faz do seu mandato de presidente?
Carlito Martins: Em primeiro lugar, agradeço ao apoio de todos os vereadores, que foram muito compreensivos. Embora eu seja o presidente, todos os demais parlamentares participam diretamente da administração, bem como a Mesa Diretora, que também presta valiosa colaboração. Os edis Marcos da Aurora, Enildo Rodrigues (Roló) e Evaí Fonseca são notáveis exemplos. Contudo todos entenderam que tínhamos que fazer uma chapa única para eleger o nosso companheiro Pastor Erivaldo. Acredito que, dentro das minhas possibilidades, cumpri o meu dever, deixando esta casa tão organizada quanto recebi. O último presidente, Hélio de Paula, deixou um grande trabalho. A posteridade é que deve avaliar, mas tenho convicção de que fiz a minha parte.
Jornal O Sollo: Como é representar o povo de um município com tantos problemas como Porto Seguro?
Carlito Martins: No gabinete de um vereador, principalmente o do presidente, a demanda é muito grande. Eu não sou vereador apenas de 1.400 pessoas que me elegeram, mas de uma cidade com 60 mil habitantes apenas em sua sede. A sociedade acredita no Poder Legislativo, de forma que quando os cidadãos chegam à Câmara eles devem ser bem recebidos e atendidos. Esse ideal tem sido perseguido por nós. Como diz o prefeito Gilberto Abade, as pessoas procuram, depois da prefeitura, a Câmara, e quando o fazem elas se dirigem primeiramente ao presidente. A responsabilidade é muito grande, porque o presidente tem compromissos com seus colegas, assessores e com o próprio eleitorado. Nos projetos polêmicos, tive que atuar como conciliador, além de lidar no dia-a-dia com muitas tarefas, de modo que mal tive tempo para minha própria família, que compreendeu todo esse processo. Ressalto que muitas vezes tivemos que quebrar o protocolo para poder servir a população, não poupando esforços para fazer valer a confiança que o povo depositou em nossas legislaturas. Além dos trabalhos na Câmara, tive que me dedicar à União dos Vereadores da Bahia (UVB), da qual faço parte, e representei o município em outros estados e até em outros países, como Portugal.
Jornal O Sollo: Como é a relação entre os poderes Executivo e Legislativo em Porto Seguro?
Carlito Martins: Quando assumi a Presidência, no meu segundo mandato, já sabia que teria pela frente essa missão árdua que era a interlocução entre os dois poderes. A Câmara de Vereadores tem que ser forte e independente, mas é necessária uma harmonia entre essas duas esferas de governo, tendo em vista que o Executivo não faz nada sem o Legislativo. Tudo aquilo que é bom para nossa sociedade tem que ser apoiado, mas temos que dizer o “não” quando é necessário. Nós não trabalhamos visando os interesses do prefeito, mas os do povo. Entretanto nunca tivemos divergências. Aprovamos todos os projetos do Executivo porque foram muito bem elaborados pela sua equipe técnica e também bem intencionados.
Jornal O Sollo: Quantos votos o senhor teve para vereador e para presidente da Casa?
Carlito Martins: Na minha primeira candidatura a vereador, tive 670 votos, sendo o 10º colocado entre os 11 eleitos. Para a reeleição, tive 1430 votos, sendo o segundo mais bem votado. Todavia não foram esses números que me habilitaram a ser presidente. Nesse processo, existiam duas chapas, onde o Pastor Erivaldo seria meu forte adversário. De última hora, ele retirou sua candidatura e eu venci por sete votos a quatro. Na última eleição para presidente, lançamos uma chapa única com o nome de Erivaldo, que indiquei, e teve nove votos a favor, exceto os votos do vereador Alliomar Bittencourt, que estava viajando e por isso não participou da eleição, e o do edil Manoel Alves (Manoelzinho).
Jornal O Sollo: O senhor gostaria de fazer mais alguma consideração?
Carlito Martins: Eu quero agradecer ao jornal O Sollo e dizer que a colaboração da imprensa para o nosso trabalho é muito importante, inclusive quando faz críticas construtivas. Estamos sempre à disposição da imprensa.