A Petrobras tem segurado o preço do combustível nas refinarias
Ele negou, desconversou mas terminou admitindo. Ontem, pressionado por parlamentares na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a Petrobras terá que aumentar o preço da gasolina “em algum momento”. E explicou o que todo mundo já sabia, ou, pelo menos, desconfiava: a Petrobras tem segurado o preço do combustível nas refinarias, mas a influência da alta do etanol tem elevado o preço da gasolina nos postos. O ministro voltou a dizer que os preços do álcool devem cair a partir deste mês de maio, com a intensificação da colheita da cana-de-açúcar.
Açúcar
O ministro destacou os reajustes aplicados sobre o álcool combustível em abril, o que ocorreu, segundo ele ressaltou, por causa da entressafra da cana-de-açúcar. Além disso, ele observou que o consumo de etanol (o álcool combustível) aumentou, assim como o preço do açúcar. Com o açúcar mais caro, muitos produtores preferiram investir nele, e não no álcool. Segundo Mantega acredita, este mês os preços começam a voltar ao normal, um processo que deverá continuar até julho. “O governo está trabalhando para regulamentar o setor”, acrescentou, numa referência à Medida Provisória assinada no dia 29 pela presidente Dilma, que passou a considerar o etanol um combustível estratégico – e não um produto agrícola como era antes – a ser regulado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Sem competitividade
Por enquanto, porém, os preços do álcool seguem sem competitividade em relação à gasolina. Em São Paulo, por exemplo, na última semana de abril, o preço médio da gasolina nos postos estava em R$ 2.818 por litro, e o álcool em R$ 2.137. Como o álcool só valeria a pena se custasse até R$ 1.9726 o litro, o consumidor continuava a dar preferência à gasolina. Na mesma semana, a média do preço da gasolina no país foi de R$ 2,89 por litro. O preço do etanol só seria competitivo até R$ 2,023 por litro, o que conferiu maior competitividade à gasolina.
A decisão do governo de considerar o etanol um combustível está levando muita gente a apostar que o mercado ficará menos vulnerável, isto é, menos sujeito à escassez do produto quando os preços do açúcar estiverem mais atraentes.
O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e especialista em agroenergia José Manoel Cabral acredita que o governo passa a ter condições de “implementar um plano estratégico, através da ANP, para aumentar a produção de álcool. Com a mudança do status do combustível, que passa para a categoria de insumo estratégico, haverá melhor condição para planejar a produção e a distribuição, com regulação do percentual de mistura de álcool na gasolina”, diz ele.
Fonte: Correio da Bahia