“Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado.” (Efésios 1.4-6)
A predestinação e o arbítrio humano são duas posições aparentemente opostas na teologia e tem sido assim ao longo da história porque, tanto uma quanto outra, encontram sustentação nas Escrituras. Somos obrigados a lidar com ambas ao ler a Bíblia e a sentir o incômodo da presença daquela que contraria nossa posição. Talvez isso seja uma boa oportunidade para sermos humildes e não perdermos de vista que somos objetos da redenção e não seus autores. E, diante do ímpeto de defender a própria visão, lembrar-se: “quem conheceu a mente do Senhor?”(Rm 11.34).
A predestinação nos leva a concluir que Deus, em Sua grandeza e graça, decide por si mesmo, soberanamente, fazer coisas a nosso favor, nos beneficiar. Coisas que não dependem de nossa vontade ou merecimento, inúmeras vezes agindo como um benfeitor silencioso. Ele nos amou sem ser provocado e nos buscou em Cristo sem que pedíssemos. São muitos os atos de Sua vontade e bondade. Não temos como identificar muitos desses atos divinos. Somente Deus, que soberanamente predestina, sabe o quê, quem, quando e para quê. Somos convidados a descansar em Sua vontade e confiar e Suas decisões.
Isso não significa viver de forma apática, pois não há indicativos nas Escrituras de que, quanto a nossa vida, “tudo já esteja escrito” no sentido de “determinado”. Elas também falam de nosso dever de escolher, buscar, pedir, obedecer e nos esforçar para que a vida siga em certa direção, e não em outra. A mesma Bíblia que fala da soberania de Deus, que anuncia a predestinação, fala também da responsabilidade humana e nos desafia a tomar decisões a respeito da vida. E é muito bom saber que, por vezes, Deus intervém e faz o que quer, segundo Sua vontade, sem nos consultar. Pois as decisões de Deus, Suas vontades, são sempre boas, perfeitas e agradáveis.