Na varanda do nosso chalé, o sol está nascendo, inundando o horizonte e espalhando cores encantadoras pelas montanhas. Sou um pontinho neste espaço, contemplando a natureza viva. Sentado na varanda, os pensamentos deslizam, observando os pássaros e a natureza.
Não é um silêncio perfeito. Ele está cheio de sons, mas são os sons escuros, abafados e misteriosos da noite. Aqui estamos perto do intangível, os momentos desta pousada têm que ser sorvidos aos poucos, como numa degustação de sensações que pedem calma.
Existe um mirante que apresenta a beleza delicada das montanhas e da vegetação. Esta beleza sente-se também no silêncio, em toda a natureza em volta. Para onde quer que se olhe, por toda parte, a natureza se apresenta como um fosso lindo aqui de cima. Enquanto nos meses de inverno é um período para hibernar, a primavera é a temporada em que as folhas brotam, flores explodem em cor.
Mesmo que não revele isso à primeira vista, a solidão também guarda seu aspecto fecundo. A esmagadora maioria da arte que existe no mundo nasceu após muita contemplação solitária, em um processo de criação igualmente solitário.
É no vazio do silêncio que brotam das mentes aquele impulso por expansão, que também são frutos da solidão. É necessário haver um distanciamento dos estímulos. Consegui filmar em câmera lenta o voo de um pássaro, os pingos da chuva caindo do telhado, e degustamos um vinho com sabor especial neste local harmonioso.