No ano passado, foram 1 milhão e 800 mil turistas que a visitaram. Porém, com o novo coronavírus, desde 20 de março que os estabelecimentos de hotelaria não podem abrir ao público. São cerca de 500 alojamentos e 47 mil leitos, todos fechados. O prejuízo no cofre da prefeitura, nesses quase três meses de pandemia, chega a quase R$ 600 milhões.
O secretário de turismo de Porto Seguro, Paulo Magalhães, estima que o município perdeu cerca de 300 mil turistas neste período. Os principais são dos estados de São Paulo e Minas Gerais, segundo ele. “Perdemos cerca de 300 mil turistas que deveriam ter vindo pra cá nesse período, inclusive nos feriados como páscoa, corpus christ. Tínhamos 10 feriados acumulados para 2020, e o que nos colocava como o ano de turismo. Foi uma perda muito grande, porque o turismo representa 85 a 90% da nossa atividade econômica” afirmou.
O secretário de finanças de Porto Seguro, David Dutra, explica que é possível medir o prejuízo que a pandemia tem causado ao turismo pela taxa de arrecadação do imposto ISS (Imposto Sobre Serviço), onde 70% do faturamento advém da rede hoteleira e de empresas de agenciamento de viagens. Houve uma redução de 71% da arrecadação do tributo no mês passado em relação a maio de 2019. Em abril, a taxa reduziu 66%, quando comparado ao mesmo mês do ano passado.
Nenhum plano para auxiliar a categoria turística foi ainda elaborado a nível estadual ou municipal. “As prefeituras de cidades pequenas, em geral, não têm a capacidade financeira para poder dar algum auxílio emergencial. A gente depende dos governo federal e estadual”, justificou o secretário Paulo Magalhães. Responsável pelo órgão, ele ressaltou que a pasta tem ajudado alguns cidadãos no cadastramento e acesso aos planos de auxílio federal, assim como tem feito a entrega de cestas básicas aos funcionários ligados ao turismo local.
Plano de reabertura total
Apesar dos números – são 191 casos na cidade e dois óbitos – o secretário de Saúde de Porto Seguro Kerrys Costa Ruas, já trabalha num Plano de Reabertura Municipal. Com todos os cuidados, a previsão é de que alguns setores, como o comércio e hotéis, voltem a funcionar a partir da segunda quinzena de julho. “Estamos com um plano e estamos preparados. Até julho, pode ser que ele mude, porque vários setores estão envolvidos, são várias estratégias. Vamos ter a retomada gradual do comércio e o turismo é nossa indústria sem chaminé”, contou o secretário. O plano, segundo ele, tem a participação de quase todas as secretarias municipais, além do Ministério Público e órgãos da Secretaria de Segurança Pública, e será lançado até a próxima semana.
Selo único
O secretário de Turismo da Bahia (SETUR), Fausto Franco, explica que se reuniu com secretários de turismo estaduais, com a Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Ministério do Turismo para a elaboração de um protocolo único de retomada do setor. “Queremos aplicar um selo único de protocolo. Nossa maior preocupação para a retomada é com a questão sanitária, temos que mostrar segurança, capacitar a mão de obra e donos de estabelecimentos comerciais para que haja essa uniformidade”, esclareceu o secretário. Segundo ele, o plano já está pronto, mais ainda precisa da validação a nível estadual.
O secretário revelou ainda que as empresas de turismo estão entre aquelas previstas para receber recursos totais de R$ 51 bilhões para o enfrentamento da crise. E que o Ministério do Turismo também destinará R$ 5 bilhões para apoiar as empresas do setor neste momento. Entretanto, não há previsão para que a medida seja promulgada e não há informação sobre o quanto desse total será repassado à Bahia.
Além disso, Franco prevê que a retomada terá padrões de viagem diferentes. “Aquela malha aérea que a gente conhecia vai mudar, os preços das passagens serão outros, tudo será readaptado”, previu. Num cenário pós-pandemia, o secretário acredita ainda que viagens regionais serão mais fortes no início da reabertura.
Zero receita nos hotéis
O diretor executivo Richard Alves da rede de resorts Porto Seguro Praia Resort – o primeiro inaugurado na orla – e Porto Seguro Eco Bahia – o único hotel no centro histórico e o primeiro aberto na cidade – conseguiu manter toda a equipe de 300 funcionários, apesar de a receita ter diminuído em 60%. “A previsão da taxa de ocupação em abril era de 70%, e mais de 80% em julho. E tivemos com 0% da taxa de ocupação entre esses meses” disse Richard. A boa notícia é que quase todos os clientes optaram por remarcar a reserva nos hotéis, ao invés de cancelar.
Richard previa um bom retorno financeiro para o ano de 2020 e estima que perdeu cerca de 4 mil clientes nesses três meses de pandemia. “A gente teve o melhor verão da história no início deste ano e tudo levava a crer que seria o melhor ano da história do turismo em Porto Seguro. E a gente está tendo o pior ano. É realmente um impacto muito grande para a empresa”, lamentou. Entretanto, a previsão para que a rede volte a funcionar é em agosto, com 30% da capacidade.
Porto Seguro foi a terceira cidade na Bahia a apresentar casos de Covid-19. De acordo com o último boletim epidemiológico, são 191 casos e duas pessoas morreram. Além disso, até esta segunda-feira (9), Porto Seguro está na lista dos 19 municípios do Extremo Sul da Bahia com toque de recolher, que ocorre das 18h às 5h. No horário, não é permitida a abertura nem dos serviços essenciais, somente de farmácias 24 horas e estabelecimentos de atendimento à pacientes e enfrentamento ao covid-19, como hospitais, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA).
Do CORREIO*