O turismo de Porto Seguro corre sérios riscos. A diminuição constante de voos regulares e o aumento das tarifas aéreas estão prejudicando fortemente o turismo do município. As vendas do segundo semestre já estão se fazendo mais difíceis devido a incidência muito alta da passagem aérea no pacote turístico. Além disso, o aumento do custo global do pacote gera uma maior expectativa por parte do hóspede em relação à estrutura hoteleira que vai escolher, pois ele não separa o valor da hospedagem do voo. Os primeiros prejudicados serão os hotéis com tarifas baixas, pois estes sofrerão mais na composição do preço final do pacote.
Em uma entrevista recente, o presidente da Gol, Paulo Sérgio Kakinoff, declarou que os aviões que abastecem para viajar no exterior são isentos de PIS, COFINS e ICMS, gerando uma economia de 35% no valor do combustível; isso no mesmo aeroporto. Por esse motivo, um voo para Buenos Aires é mais barato que um voo da mesma distancia no território nacional. Afirma também que o custo médio de abastecimento do combustível no Brasil é 45 % mais caro que a média mundial. Para o segmento da hotelaria nacional isso representa uma perda direta de hóspedes, devido a uma concorrência desleal na composição do valor do pacote turístico.
“A volatilidade do dólar é um câncer”, declarou o presidente da Avianca, José Efromovich, explicando que é impossível planejar o custo de uma passagem aérea, sendo que o valor do combustível é fixado cada mês conforme o câmbio. A ABEAR (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) negocia com o governo federal uma lista de reivindicações do setor, com objetivo de melhorar a competitividade das companhias aéreas. Durante esse tempo, o mercado do turismo nacional pode sofrer perdas consideráveis.
Atualmente, em Porto Seguro, consideramos uma perda entre 1.000 e 1.500 turistas semanais devido aos voos que foram cancelados. Nenhum outro meio de transporte pode substituir essa quantidade de hóspedes com rapidez.
Uma política para os voos fretados
Segundo diversas companhias aéreas, os destinos de pouso das cidades que não possuem tráfego corporativo são comprometidas; é o caso de Porto Seguro. Mesmo sendo um dos maiores destinos turísticos nacionais do nordeste, estamos sofrendo um verdadeiro sufoco, criado pelas companhias aéreas que dificultam o acesso ao destino. É necessário que a indústria do turismo seja levada em consideração, nessa polêmica que leva as companhias aéreas a reduzir os voos e aumentar as tarifas.
Uma medida importante para proteger o turismo seria elaborar uma politica específica para os voos fretados. Esses voos têm um objetivo específico de transportar turistas e sustentar o mercado hoteleiro. O transporte é a base da hotelaria. Não tem possibilidade de desenvolvimento turístico onde não tiver acesso. O fluxo de transporte deve ser proporcional ao número de leitos de uma região turística, caso contrario entra em colapso.
Fonte: Luigi Rotunno/Diretor geral do La Torre Resort de Porto Seguro-BA