Porto Seguro e Cabrália dão exemplo para o Brasil

50 docentes da rede municipal de ensino dos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália participarão do curso de Formação de Professores Multiplicadores da Diversidade, assumindo a responsabilidade de difundir a temática indígena nas escolas a partir da lei federal 11.645/08. Uma oportunidade única de aprender a aprender junto com os professores especialistas, Francisco Cancela (historiador) e Ajurú Pataxó (pesquisador). Os saberes e fazeres da cultura Pataxó e uma versão da nossa história diferente daquela contada pelos colonizadores farão parte dos conteúdos do curso, que atenderá duas turmas, no período de 30 de setembro a 08 de outubro.

O Curso de Formação de Professores Multiplicadores da Diversidade é uma iniciativa do projeto Promoção da Cultura Pataxó, financiado pela União Européia e executado pelo Instituto Tribos Jovens – ITJ, que conta com o apoio das Secretarias Municipais de Educação de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália e do Instituto Portosegurense de Educação e Cultura – IPEC. O curso objetiva desenvolver canais de intercâmbio para o enfrentamento do preconceito e discriminação étnico-racial, ampliar a difusão da diversidade cultural nas escolas, valorizando as tradições do Pataxó do Extremo Sul da Bahia e respeitando o seu modo de viver contemporâneo.

A metodologia utilizada terá como ponto de partida os conhecimentos iniciais dos professores sobre os diversos grupos indígenas no Brasil e, especialmente, sobre os Pataxó. Em seguida, será trabalhado um Inventário Cultural com participação de pesquisadores e educadores Pataxó, incluindo jovens multiplicadores formados pelo ITJ. Haverá um momento dedicado releitura da histórica. Ao final será feita uma avaliação e discussão dos conhecimentos produzidos, construindo diretrizes para elaboração de uma proposta de ação pedagógica na sala de aula que vise o enfrentamento do preconceito e da discriminação étnico-racial.

Saiba mais sobre porque foi criada a Lei Federal 11.645/08

A Lei Federal 11.645/08 – que determina a inclusão das temáticas “História e Cultura Afro-brasileiras e Indígenas” no currículo oficial da rede de ensino brasileira revela dificuldades para a aplicação nos estabelecimentos de ensino, pois há certo desconhecimento e resistência no posicionamento de alguns educadores frente às temáticas abordadas pela Lei.

A imagem reproduzida nos mais diversos espaços sociais retrata os índios como incapazes e aculturados. A escola é um dos principais de espaço difusor das idéias preconceituosas sobre os índios. Os livros didáticos reproduzem a imagem de um índio genérico, que vive no passado, não possui mudanças culturais (mora na oca, habita florestas). O calendário escolar dedica o dia do índio (19 de Abril) para abordar a temática de forma folclórica, pintando as crianças de índio e difundindo estigmas e preconceitos. Foi por reconhecer o efeito negativo dessa cultura escolar que os índios conquistaram a Lei 11.645, aprovada em março de 2008, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura dos povos indígenas nas escolas, tendo em vista promover uma revisão do papel desse grupo na formação da sociedade brasileira.

Contribuir com a implementação de políticas públicas que afirmem a diversidade cultural brasileira e valorizem o legado deixado pelos nossos ancestrais indígenas e africanos é dever do ITJ, organização da sociedade civil sem fins lucrativos, idealizada em 1998 a partir do I Encontro das Tribos Jovens, de utilidade pública municipal e estadual, que tem como missão promover uma convivência multicultural em prol do desenvolvimento sustentável.

Pretende-se contribuir para a elaboração de uma metodologia de aplicação da Lei 11.645/08, que poderá subsidiar a construção de políticas públicas para regulamentação da mesma que consiste em: criar condições para a diminuição do preconceito e discriminação sobre os índios, a partir da capacitação de professores como agentes multiplicadores da diversidade cultural por meio da formação histórica e cultural, utilizando o Inventário Cultural como principal instrumento pedagógico, e do intercambio cultural, vivenciado nos Encontros das Tribos Jovens – ETJ.

Inventário Cultural: Tradições do Povo Pataxó do Extremo Sul da Bahia

O Inventário Cultural coroa o resultado de trabalho de autoria coletiva dos Pataxó, iniciativa e realização de pesquisa do Grupo Atxohã, apoiado pelo Instituto Tribos Jovens, que conta com a consultoria especializada do Instituto Portosegurense de Educação e Cultura e texto elaborado pelo historiador Francisco Cancela, após pesquisa documental e realização de oficina de pesquisa histórica com os índios Pataxó.

Essa publicação foi produzida durante o primeiro ano de execução do projeto Promoção da Cultura Pataxó, em 2010, com fins de distribuição nas aldeias indígenas Pataxó e escolas.

Caso você tenha interesse em conhecer esta publicação, acesse o site www.tribosjovens.org.br.


Fonte: Instituto Tribo Jovens

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