Por Milla Verena
No dia 17 de setembro fez três anos da execução dos dirigentes sindicais da APLB Álvaro Henrique e Elisney Pereira.
O crime aconteceu no dia 17 de setembro de 2009, Álvaro Henrique e Elisney Pereira, dirigentes sindicais da APLB, foram executados na Roça do Povo, região rural de Porto Seguro, em uma emboscada, durante período de impasse entre a APLB e gestão municipal e em meio a denuncias de desvio de verba federal na prefeitura.
No final de 2010, o então juiz da Vara Crime de Porto Seguro, Roberto Freitas, determinou que Edésio Lima, acusado de ser o mandante, e os policiais, acusados de serem os executores, fossem a júri popular. Contudo, os réus recorreram. Agora, cabe ao TJ (Tribunal de Justiça) decidir se os réus vão a júri popular.
Dioneles Santana, então promotor responsável pelo caso, que hoje atua no MP de Jequié, explicou que o TJ não tem prazo para dar o parecer, pois, em geral, a prioridade do Tribunal é julgar processos que haja réus presos, o que não é o caso, pois Edésio Lima e os policiais estão soltos.
Vale lembrar que o crime do garçom, como ficou conhecido, no qual 7 turistas estudantes de Brasília espancaram até a morte o garçom Nelson dos Santos, na Passarela do Alcool, um dos pontos mais movimentados de Porto Seguro, em 2002, aguarda parecer do TJ. 10 anos já se passaram e os acusados ainda não foram a júri popular.
O jornal conversou com o atual presidente da APLB, Neilton Castro da Cruz, sobre o caso.
Desejo de justiça
“A APBL, enquanto entidade, jamais deixará de reivindicar o júri popular e a condenação desses indivíduos que foram denunciados pelo MP. A gente usará todas as forças para não deixar a sociedade esquecer disso. Até para que não aconteça novamente. Isso a gente deve a eles (Álvaro e Elisney), a nós mesmos e as famílias destroçadas que ficaram”.
Motivação do Crime
“A gente não consegue enxergar (outra motivação) se não houvesse as denuncias, se não fosse tudo que a APLB estava fazendo naquele momento, certamente isso (o crime) não teria ocorrido. Não tinha razão para ser”.
Envolvimento de políticos
“A denúncia (do MP) não faz uma vinculação entre o prefeito de Poro Seguro e o crime… Mas a gente tem como acusado de ser o mandante um secretario da prefeitura”.
Promotor Dioneles
“A gente tinha o contato maior quando a gente tinha aqui o promotor Dr. Dioneles. Com a saída dele, a gente realmente se sentiu meio órfão. A gente não consegue mais enxergar na promotoria uma outra pessoa que possa ter o empenho que Dr. Dioneles tinha, e aquele comprometimento com a resolução do caso, levando ao seu estágio final”, afirma.
“Dioneles saindo a gente não tem mais essa figura que nos represente dentro do próprio Ministério e a saída (do processo) de Porto Seguro, amplia esse distanciamento. Mesmo se um outro (promotor) tivesse assumido, entendendo que deveria ser uma pauta que tivesse prioridade. “A saída dele (Dioneles) trouxe uma perda para Porto Seguro de uma forma geral”
Cruz reconhece que não procurou o MP para fazer contato com o promotor responsável pelo caso: “Após a gente ter assumido a APLB em junho, eu especificamente, não fiz isso”.
Mobilizações
“A gente instituiu o dia 17 de setembro como um dia permanente de reflexão, debates e processo de formação do trabalhador. Todos os anos, a APLB realiza o Congresso de Educação, que sempre é finalizado no dia 17 de setembro com uma carreata, para não deixar que a cidade esqueça o que ocorreu”.