“Poderia ter sido eu, qualquer pessoa”, é o que conta a artesã Maria Cristina. Ela é dona do cachorro morreu após ser atacado por dois cães da raça pitbull, na rua do Meio, bairro do Rio Vermelho, em Salvador, na última quarta-feira (26).
Maria Cristina relembrou o dia do ataque e revelou, assim como vizinhos dela, que os cães que atacaram Costelinha, o cãozinho dela, eram maltratados pelos donos.
“Eles [os cães] ficam presos. Não é um cachorro para estar desse jeito”, ressaltou.
A artesã está com sete pontos na mão. Quando os cães avançaram em Costelinha, ela tentou salvar o bicho de estimação e livrá-lo dos outros cães com a ajuda de vizinhos.
“Eu fui levar o cachorro pra fazer xixi, quando eu saí do portão, um dos cachorros [pitbull] veio e logo pegou ele [Costelinha]. Depois veio o outro e pegou ele pela coxa e dilaceraram o bicho todo. Quando eu vi, tentei puxar, comecei a gritar, as pessoas não conseguiram tirar os cães e eu tentando proteger o meu. O cachorro [pitbull] só parou quando o dono chegou”, relembrou emocionada.
Após o ataque, Maria Cristina e os vizinhos levaram Costelinha para o veterinário, mas ele não resistiu aos ferimentos.
Lei e responsabilidade
O diretor de Proteção Animal da Secretaria Municipal de Saúde, Gustavo Moraes alerta que é da responsabilidade do tutor que o animal esteja contido na residência, assim como sair com animal com coleira e se preciso, focinheira.
“O comportamento do tutor não deve ser de estímulo a agressividade do cachorro. Situações como aquela [do ataque], provavelmente veio de uma guarda irresponsável do tutor, que mantém o animal em lugar inadequado, confinado, às vezes privado de alimentação ou água. E aquele animal, quando ele se colocou solto, atacou o outro animal”, explica Moraes.
O diretor de Proteção Animal destaca que uma Lei Municipal prevê punição em caso de ataque onde um cão de grande porte não esteja usando focinheira.
“A lei 9108;2016 prevê penalidade de R$ 1 mil a R$100 mil, mas é uma lei que não foi regulamentada de acordo com o critério do que acontece [com o fato]. É necessário uma queixa-crime dessa senhora que foi atacada, denunciando os maus tratos nos animais que ocasionaram o comportamento agressivo. É necessário as pessoas se posicionarem para que haja ações que possam coibir essas situações”, explicou.
Relatos de maus-tratos
Segundo a aposentada Silvana Pena, amiga da dona do animal atacado, os pitbulls do caso são maltratados e não usam focinheira.
“Esses cachorros são criados com muito maus-tratos. São cachorros que ficam aí, choram muito de fome, muitas fezes à toa. Os cachorros são usados para procriação, porque a gente vê nascer filhotes aí. Não são cachorros que usam focinheira”, disse a aposentada.
Silvana ainda destacou que uma escola funciona próximo do local onde ocorreu o caso e alertou que os cães poderiam ter atacado uma criança.
“Do jeito que foi ela [Cristina], aqui na frente tem uma escola, que vai ser reformada e poderia ser uma criança. A gente está correndo risco por conta de uma pessoa que não sabe cuidar de animal”, contou.
A fisioterapeuta Valcione Colla, que trabalha em um prédio na Rua do Meio, disse que os moradores já fizeram denúncias de maus-tratos contra os cães.
“Ouvíamos há um tempo atrás, um ano mais ou menos, choros, deles tomarem chuva. A gente chegou a fazer denúncias e tal, mas aí com as denúncias, eles até melhoraram o tratamento, fizeram uma cobertura para eles”, disse a fisioterapeuta.
“São animais que não passeiam, que não veem a luz do dia, no sentido de caminhar na rua, socializar com outros animais, socializar com outras pessoas, eles convivem só naquele espaço com os donos”.
Fonte: G1