Plano Collor

Plano Collor

Lembro que naquela noite, meu pai não dormiu bem, o sono não bateu com força nem conseguiu fundar nas profundezas, onde tudo é macio e a gente se perde do mundo, mas deixou ele em um limbo, que era como dormir acordado, preso a um espaço minusculo entre as pálpebras fechadas e os olhos. Collor confiscou a poupança do povo e das empresas, baixou várias medidas provisórias e, entre elas, uma que bagunçou o mercado financeiro, sistema bancário, créditos, sistema de habilitação. O Brasil ficou de cabeça para baixo. Em nome da democracia, roubava o dinheiro das contas bancárias e tirava a liberdade de empresários atônitos por ilícitos contra legislação ainda desconhecida. Há, nos mais graves acontecimentos, muitos pormenores que se perdem, outros que a imaginação inventa para suprir os perdidos, e nem por isso a história morre. Mas o tempo é um tecido invisível em que se pode bordar tudo, uma flor, um pássaro, uma dama, um castelo, um túmulo. Também se pode bordar nada. Nada em cima de invisível é a mais sutil obra deste mundo. A imagem que construímos estão distantes de nossa identidades. Por identidade, que tem o adjetivo latino, idem, o mesmo, seguido do sufixo dade, no sentido de atribuir uma qualidade. Identidade é assim o caráter, a verdade de uma pessoa, traduzida por sua história, valores, e princípios. Para Collor posso dizer o crime compensa.

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