Perdoados perdoam

“Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.” (Mateus 6.12)

“Perdoa as nossas dívidas” é algo que oramos constantemente, ainda que com outras palavras. Se não oramos, deveríamos, pois temos muitas dívidas para com Deus. Dívidas impagáveis. Temos muitos débitos mas não os recursos para saldar a dívida. Não podemos prometer pagar, precisamos pedir perdão. E Jesus nos encoraja a orar e pedi-lo. O problema é que ele acrescenta algo que nos implica: “assim como perdoamos aos nossos devedores”. Do lado de dentro da questão percebemos que o perdão é gratuito para quem o recebe, mas custa caro para quem dá. Isso nos cheira a injustiça.

Conta-se que certo soldado de Napoleão, também chamado Napoleão, devido ao péssimo comportamento foi condenado à morte. No dia de sua execução a filha do condenado, gritando “misericórdia”, jogou-se aos pés do imperador suplicando pela vida de seu pai. O imperador lhe disse: “Seu pai poderia evitar isso, mas não evitou. Agora precisará pagar. É o que exige a justiça”. Ao que lhe respondeu a moça: “Imperador, eu não estou pedindo justiça. Estou pedindo misericórdia!”. Misericórdia não é injustiça e está um passo além dela. É tão poderosa quanto e não está nas mão do juiz, mas na mão da vítima a quem o réu feriu. A misericórdia é um ato grandioso e bem aventurados são os misericordiosos. Quem a dá, a recebe (Mt 5.7).

Na fé cristã somos chamados a imitar Deus. Ele é misericordioso e nos pede que também sejamos. Não podemos receber misericórdia do Pai e oferecer juízo aos outros. Deus é o Pai das misericórdias (2Co 1.3). Se o chamamos de Pai devemos ser misericordiosos como Ele. Fica claro então que orar é mais que pedir coisas a Deus. É unir-se a Ele para ser como Ele na relação com os outros. É assim que o Reino de Deus se manifesta e o Deus invisível torna-se visível: quando perdoados perdoam, amados amam, supridos suprem, fortalecidos fortalecem, redimidos redimem. Quando pessoas que falam com Deus oferecem aos outros o que Dele receberam. Não somos filhos do juízo, mas da da misericórdia. Perdoar é nossa vocação.

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