Moro em um prédio silencioso, sem visitas, o elevador quase sempre parado. Sinto o cotidiano e a rotina além do comum, até a nossa identidade está coberta pela máscara. Vida hoje trascorrendo de pequenas coisas, como lavar a louça, ler o jornal, com múltiplas privatizações, mas também de milagres, como a descoberta de um novo sentido já que é na fragilidade que temos uma nova pespectiva, nesta essência do momento sem muitas opções, sem escolhas.
Marcel Proust escreveu a obra prima “Em busca do tempo Perdido” com sete volumes durante o período de três anos de enfermidade, isolado do mundo. Fazendo-me crer que o futuro será de conexões humanas em menor quantidade e maior qualidade. Como um modo de viajar por uma estrada desconhecida mas com mais clareza. Nunca existiu nada igual para está geração. Hoje temos, acima de tudo, um sentimento de rápida diminuição das coisas supérfulas, de nossa impotência e que tudo, talvez, mude para sempre, viveremos como após o onze de setembro, com restrições, com menos liberdade, um mundo mais tímido. Todos nós seremos reféns da vacina.
E nestes dias ocos de hoje a dor fria escorrega devagar com as estatísticas de tantas mortes, onde só sobram epitáfios vagos, com saudades eternas é o reencontro com o silencioso mundo interior,levando a rupturas abruptas de relacionamentos, a crises de valores ,e reflexões de tristezas ligadas ao que tivemos e perdemos.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.