“Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados.” (Atos 2.1-2)
Ontem, 31 de maio, o calendário cristão, tanto da igreja ortodoxa quanto da igreja católica, relembram o Pentecoste. Ele representa o cumprimento da profecia de Joel anunciando que nos últimos dias o Espírito de Deus seria derramado sobre toda carne. Idosos, jovens, homens, mulheres, escravos e livres (Joel 2.28-29), todos seriam alvo desse derramamento. Uma dispensação fruto do amor e da graça de Deus. Fruto de seu propósito de perdoar e redimir pecadores. Pentecoste era uma data em que se celebrava a festa da colheita. Ela acontecia cinquenta dias após a Páscoa, por isso o nome. Mas o nome seria indicativo agora de outra realidade. Na Páscoa Jesus entregou-se por nós, tornando-se Ele mesmo o Cordeiro Pascal. Com sua entrega Ele transformou o altar do sacrifício em mesa da comunhão, estabelecendo a Ceia do Senhor. Comunhão entre Deus e nós e comunhão entre nós.
Depois de morrer e ressuscitar, Jesus apareceu aos apóstolos e a muitos discípulos. Segundo Paulo, apareceu a mais de quinhentos irmãos (1 Co 15.6). E Lucas em Atos diz que isso se deu num espaço de quarenta dias (At 1.3). Por fim, deu ordens para que um grupo deles ficasse em Jerusalém até que recebessem o Espírito Santo (At 1.4 a 8). A profecia de Joel se cumpriria e se cumpriu. Cinquenta dias depois da Páscoa, na festa de Pentecoste, estando todos reunidos num só lugar, e Lucas frisa isso porque, bem certamente, em outros momentos estiveram reunidos em grupos menores e em lugares distintos. Diz Lucas que “veio do céu um som”, que ele descreve como parecido com o som de um vento muito forte. E este som encheu toda a casa onde estavam reunidos. E a festa da colheita se transformou no dia do Espírito Santo. E o dia de Pentecoste ganhou novo significado
O som que veio do céu tem uma simbologia muito especial. As Escrituras são registros de Deus falando a nós. O escritor de Hebreus diz que Deus havia falado de várias maneiras aos antigos por meio dos profetas, e depois falou diretamente por meio do Filho (Hb 1.1-2). O Filho que foi entregue, crucificado, morreu e ressuscitou. E no Pentecoste um novo som veio do céu. O Espírito Santo foi derramado sobre a comunidade de fé, para torna-la voz e presença para se manifestar em nome de Deus. Na linguagem de Pedro, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a maravilhosa luz (1 Pd 2.9). Se cremos em Cristo e nas Escrituras, devemos sempre repensar nosso modo de viver a fé em Cristo e ansiar pelo som que vem do céu. Como aconteceu naquele dia! Se cremos no Pentecostes precisamos nos perguntar se nossas voz, ainda que de vez em quando, é voz impulsionada pelo Espírito. E se, no que falamos, proclamamos as maravilhas de Deus.