“A Bahia estava sempre muito bem colocada entre os estados brasileiros com menores índices de violência, e, a partir de 2007, esses índices ficaram assustadores, chegando a 18 mil homicídios em três anos e oito meses, revelando que é tipicamente um problema de gestão”, disse o candidato ao governo estadual pela coligação “A Bahia Merece Mais” (DEM/PSDB), Paulo Souto, durante participação no último debate antes das eleições, que reuniu os postulantes a governador Jaques Wagner (PT), Marcos Mendes (PSOL), Geddel Vieira Lima (PMDB) e Bassuma (PV), na noite de ontem (28/09), na TV Bahia.
Para Paulo Souto, algumas atitudes do governo Wagner são “incompreensíveis”. Ao ser questionado sobre a segurança pública pelo candidato Marcos Mendes, Souto lembrou a recente declaração do titular da pasta César Nunes admitindo ter mantido “encaixotados” os equipamentos de comunicação e informação, adquiridos em 2006, fundamentais para a modernização da polícia.
A falta de prioridade de novos investimentos no setor foi também alvo de críticas. “Sabe-se até que houve devolução de recursos do governo federal, que não foram aplicados pela secretaria, dificultando bastante a resolução dos problemas relacionados à gestão da segurança pública na Bahia”.
Paulo Souto propôs a implantação de um programa específico nas áreas mais violentas do estado. A idéia é aliar programas de segurança pública a iniciativas de promoção social para que a população que reside nessas localidades possa ter uma “assistência efetiva do estado, a exemplo do que fizemos com o programa Viva Nordeste”.
Na área da saúde pública, Paulo Souto assinalou que “a cada dia se repetem nos hospitais do estado cenas que se assemelham a verdadeiros campos de concentração. São pessoas nas macas, nos corredores dos hospitais sem possibilidade de atendimento efetivo”.
Paulo Souto aproveitou para propor o SAC Saúde. “Vamos utilizar esse instrumento para que as nossas policlínicas, que vão ser instaladas nas regiões da Bahia, sejam capazes de realizar, com hora marcada, os exames de complexidade maior, que não podem ser realizados, por exemplo, em cidades pequenas”. O candidato afirmou que irá associar as policlínicas a um sistema de transporte para que “as pessoas possam sair de uma cidade para outra, fazer esse exame, regressar e receber o resultado em casa”.
Ainda na área de saúde pública, Souto pretende garantir a realização de cirurgias em um período máximo de 90 dias, construir seis hospitais regionais e ampliar o Programa de Saúde da Família (PSF) “que inexplicavelmente foi paralisado na Bahia”. A construção de um novo hospital para atender aos doentes de câncer também consta no plano de governo de Souto.
O candidato democrata questionou a influência positiva da relação partidária e de amizade do governador Jaques Wagner com o presidente Lula. Souto afirmou que o governador de Pernambuco, “que não é do partido do presidente, embora seja de sua base política”, conseguiu atrair empreendimentos importantes, como uma refinaria, o pólo têxtil, alguns estaleiros, a Transnordestina e a duplicação da BR-101 em grande parte do estado. “Por que é que o senhor, que é do mesmo partido do presidente, não conseguiu ainda concretizar a vinda de empreendimentos tanto de infraestrutura quanto industriais aqui para a Bahia?”, indagou.
No debate, após pergunta do candidato Geddel Vieira Lima (PMDB) sobre a área cultural, Paulo Souto ressaltou que programas pioneiros de financiamento da cultura no Brasil, como o Fundo de Cultura e o Faz Cultura, foram iniciativas do seu grupo político. Souto criticou a estatização do processo cultural. “Isso é uma coisa comum nos regimes fortes, que tentam fazer da cultura um instrumento de persuasão”.
Souto defendeu a recuperação e a valorização dos “verdadeiros símbolos da Bahia”. Entre outras ações, propôs dar atenção especial ao Pelourinho, resgatar o Balé do Teatro Castro Alves, concluir as obras do teatro e centro de convenções de Feira de Santana e Itabuna e retomar o prêmio Jorge Amado, que, segundo ele, era o maior prêmio de arte e litaratura do País.