“E o rio Sena atravessa o seu sítio… Tanta gente em toda parte Admirando a cada passo, cada esquina, cada obra de arte.”
Enquanto andava, uma brisa fresca começou a soprar, senti que a ficção dos livros que li contaminava o momento de forma extasiante, caminhar por Paris seguindo os passos de ilustres homens e mulheres, onde tudo é memória de raízes do mundo ocidental e é um dos raros momento em que a compressão da história da civilização moderna se alterou na minha mente, misturando ficção com a realidade e lembrei dos versos do poeta Pierre Harel-Darc: “Que outra cidade se não for Paris?” Há uma espécie de qualidade orgulhosa, autoconfiante, que acabei identificando nos franceses, que não gostam de falar inglês para os turistas, neste período do ano, a primavera (junho) se dissipa rapidamente, e uma brisa gelada roça em meu rosto.
À luz do dia é possível enxergar lindos caminhos com árvores de álamo, inclusive no acesso ao Luvre. Vagar de rédeas soltas em meus pensamentos. O sol flutuando em cada partícula do céu, como se tivesse se dissolvido e escorresse.. nos telhados da cidade, cada passo e cada gesto trazem à tona memórias, pensamentos jamais refletidos.
Este relaxa por dentro e por fora, esta calma curiosidade por uma estátua ou pelo rio Sena e que examinamos com amor e inocência.
Compramos uma garrafa de vinho (qualquer vinho francês é bom) e ficamos bebendo na beira do Sena tendo uma sensação de liberdade, de rendição completa ao momento mágico.
O momento foi pouco a pouco se dissipando e nosso pequeno mundo belo com a sensação do álcool desaparecendo, mas como diz um trecho do livro o Fio da Navalha, de Somerset Maugham ” Mesmo que amanhã, este momento não exista mais, este momento nas nossas vidas foi real, nada no mundo é permanente e somos tolos em desejar que dure para sempre, mas seremos mais tolos ainda, se não apreciarmos o momento enquanto existe “.
Talvez escrevendo este texto, possa eternizar na memória os momentos vividos em Paris.