“Há quem considere um dia mais sagrado que outro; há quem considere iguais todos os dias. Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente.” (Romanos 14.5)
A grande maioria dos cristãos que conheço vivem sua fé envolvido numa comunidade cristã. E recomendo que assim seja, pois entendo que é também essa a recomendação das Escrituras e o caráter próprio da fé cristã. Ela é uma fé pessoal, mas também coletiva. Sua plena manifestação se dá na convivência, no caminhar junto e na cooperação. O Reino de Deus é um reino comunitário. Abraçar a fé cristã, portanto, exige que aprendamos a conviver. Na comunidade cristã o propósito não é que sejamos uniformizados e nos tornemos todos iguais uns aos outros. Somos membros do mesmo corpo, o Corpo de Cristo, como imagem de nossa vida sob a autoridade de Jesus. Mas somos membros diferentes. Nem todos somos mão, ou pé, ou olhos, ou joelho. E é isso que nos possibilita sermos corpo, como explicou Paulo (1Co 12.12).
Se não procurarmos ser pessoas maduras, capazes de lidar com os diferentes, nossa vida comunitária sofrerá e desonraremos a Deus. Não precisamos ser pessoas sem convicções para que sejamos respeitosos com os diferentes, os que discordam de nós ou tem outra posição. Não precisamos impor nossas ideias o tempo todo, pois não é este o único meio de afirmar o que cremos. Muitas vezes, a intolerância com a visão do outro e nossa insistência em impor nosso ponto de vista, pode inclusive decorrer de nossa falta de firmeza e convicção. Pensamos que, se o outro estiver certo, então estaremos errados e não queremos estar errados. Porém, há muitas questões para as quais não temos condições de decretar uma única e inquestionável resposta. Voltamos ao ponto do que é essencial e do que não é.
Quanto mais maduros, mais seguros estaremos de nossa própria posição e mais respeitosos seremos com a posição dos outros. Quanto mais maduros, mais tranquilamente conviveremos com o diferente, com o que nos parece estranho. Menos tentaremos uniformizar o mundo e até mesmo aprenderemos com a beleza de nossas diferenças. Esse é o paradoxo da convivência madura: nela a minha certeza não faz da sua uma transgressão. E é o que devemos buscar em nossa jornada. Somente Deus tem o direto de ser intolerante na comunidade cristã. Nossa intolerância é uma usurpação de Sua autoridade. E isso é grave! Podemos estar convictos em nossa própria mente e orientar nossa vida como julgarmos melhor. E, fazendo isso, devemos valorizar tanto o direito que temos de seguir esta nossa convicção, quanto respeitar o irmão, cuja convicção contraria a nossa. Que vivamos em amor e amadureçamos!