Para os dias de abatimento

“Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus” (Salmos 42.5)

Este salmo é atribuído a uma família levítica: os coraítas, os filhos de Corá. Temos cerca de onze salmos atribuídos a eles. E neste eles tratam da alma abatida. Há pessoas que parecem jamais enfrentar abatimento. Há outras que, ao contrário, parecem sempre estar abatidas. E há o restante de nós, que transita entre um e outro lugar com diferentes níveis de intensidade e frequência. Tem gente que se abate toda semana. E quando não, até estranha e quase sente falta! Desde que o pecado entrou na história, a alma humana tem estado sujeita ao abatimento. Seja pelas circunstâncias que esteja enfrentando ou mesmo independente delas. Mesmo quando tudo está aparentemente bem, a alma pode se abater. E em momentos assim é que a gente se pergunta: o que há de errado comigo?

Somos um grande mistério. Um mistério que precisa de Deus, da graça de Deus, do amor de Deus. Quando a alma de um crente se abate, ela se sente perdido de Deus, pois pensamos que a fé não combina com tristeza. Para uma alma abatida que crê, há duas dores: a da vida e a da fé: a alma abatida é, por natureza, descrente. Ela precisa ser chamada à razão. E aí é que entra a fé. A fé que não respeita a descrença e convida a alma a erguer os olhos e lembrar-se de quem Deus é e de Suas promessas. De seu amor eterno e incondicional. De Sua incompreensível disposição em perdoar e abençoar. A alma abatida está mergulhada em pobreza e empobrece tudo que olha, inclusive Deus. Mas Deus é rico em misericórdia. É o Pai das Misericórdias e o Deus de toda consolação (2 Co 1.3.2). Quando a alma se abate é preciso ouvir o espírito e usar a cabeça.

Partilho com você a poesia da canção “Acordo” de Stenio Marcius como um exemplo do que acabei de dizer. Ele apresenta uma conversa do espírito e da cabeça, com a alma abatida:  “Puxa uma cadeira, minh’alma, que eu quero te perguntar: Porque me roubas a calma, me botas tristeza no olhar? Vamos entrar num acordo, vida tranquila viver. Lembra daquilo que o Mestre falou: ‘A minha Graça te basta!’” Uma alma abatida sempre se sente só, mas não porque esteja sozinha. Ela apenas mergulhou na própria insuficiência. Deus está sempre por perto. Uma alma abatida está dominada por sua própria fraqueza, mas ela ainda pode ouvir. Como o salmista, fale com ela e a lembre de que é amada. Mostre a ela a cruz, a maior, a do meio! Lá, tudo foi consumado. Agora é uma questão de tempo. Se sua alma está abatida, chame-a para uma conversa. E nesta mesa, claro, Deus estará presente. É possível que essa conversa termine em samba!

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